Romeiros em Icó não têm acesso a sítios históricos

Os imóveis que formam o casario em estilo neoclássico, gótico e barroco religioso da cidade, constituído principalmente por igrejas e sobrados, ficam fechados, na maior parte do dia, impossibilitando o acesso de visitantes

Escrito por Honório Barbosa , honorio.barbosa@diariodonordeste.com.br
Legenda: No entorno da praça da cidade estão os principais imóveis, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação, edificação datada de 1709
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

A cidade de Icó, na região Centro-Sul do Ceará, detém um sítio histórico, que é o primeiro do Estado tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1997. São mais de 300 imóveis que formam as estruturas em estilo neoclássico, gótico e barroco religioso. Igrejas e sobrados se sobressaem nesse conjunto arquitetônico.

Apesar da importância histórica, os casarios e as igrejas que reúnem um acervo de imagens de santos, permanecem fechados ao longo do dia. Visitantes e romeiros têm dificuldades de conhecerem o interior dos templos.

Há, no momento, um esforço entre a Igreja Católica e a Secretaria de Cultura do Município para firmar parceria e contratar vigias, possibilitando a abertura dos templos e a visita dos romeiros e turistas.

"Nós estamos aprofundando essa reflexão e desejaríamos que as igrejas ficassem abertas a visitações pelo menos no período de festividades, que se aproxima", disse o frade Juraci Barbosa, pároco da Matriz de Nossa Senhora da Expectação e reitor do Santuário do Senhor do Bonfim.

Em dezembro, começa o ciclo de festas religiosas da cidade com celebrações em louvor à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, na Igreja do Monte; à padroeira, Nossa Senhora da Expectação, na Matriz; e ao Senhor do Bonfim, no santuário. É um período considerado bastante atrativos para visitantes e romeiros. "O nosso esforço é melhorar a acolhida dos peregrinos, romeiros", pontuou.

A educadora Eleneuda de Souza afirma ser um desejo antigo que as igrejas do município permaneçam abertas, a exemplo de outras cidades turísticas. "O acesso aos templos deveria ocorrer ao longo de todo o ano, não só no período de festas, em particular".

Esforço

A secretária de Cultura e Turismo, Ana Glesse Oliveira, disse que há um esforço da gestão para dar mais visibilidade ao patrimônio, aos prédios públicos e às igrejas. "Estamos conversando com o pároco sobre a maneira de viabilizarmos essa ideia e queremos incentivar os moradores a fazerem reforma e manter um lindo sítio histórico com seus sobrados que se destacam".

O ex-secretário de Cultura do Município na época da implantação do Programa Monumenta, pelo Ministério da Cultura, Getúlio Oliveira, destacou a importância do patrimônio material de Icó, com igrejas e sobrados centenários.

Para o memorialista, Altino Afonso de Medeiros o centro da cidade é um museu aberto com dezenas de imóveis tombados, preservados que guardam parte da história do Ceará e do ciclo econômico do couro e do gado.