Retirada d'água do Lima Campos está inviável

Cogerh sugere que retirada, pelo Exército, para o sertão da Paraíba, seja feita no Açude Orós

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: Diariamente, cerca de 120 veículos fazem o abastecimento no reservatório para atender a dezenas de cidades do Estado vizinho
Foto: Foto: Honório Barbosa

Iguatu. A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) solicitou à coordenação da Operação Pipa do Exército, na Paraíba, a transferência de retirada de água do Açude Lima Campos para o Açude Orós, na região Centro-Sul do Ceará, por meio de carros-pipa. Diariamente, cerca de 120 veículos fazem o abastecimento no reservatório para atender dezenas de cidades do Estado vizinho. Desde novembro de 2014 que o Açude Lima Campos socorre uma área da Paraíba cada vez mais sedenta. As chuvas deste ano não foram suficientes para a recarga dos reservatórios daquele Estado.

O Açude Lima Campos acumula atualmente cerca de 10 milhões de metros cúbicos (20%). Vem perdendo volume a cada mês. A qualidade da água também começa ficar comprometida. Antes, havia a possibilidade de transferência por gravidade das águas do Açude Orós, por meio de um túnel, mas, em decorrência da queda do nível do Orós, a operação só é possível se houver bombeamento entre os dois reservatórios.

Os moradores de Lima Campos estão preocupados com o quadro atual. O reservatório é estratégico, pois assegura o abastecimento da sede do distrito, da vila de Cascudo, da cidade de Icó (a segunda maior da região) e irrigação em parte do Perímetro Icó-Lima Campos. O temor é a falta de água no segundo semestre em decorrência do multiuso e da evaporação. Na sexta-feira passada, houve protesto em cima da parede do reservatório. Um grupo queimou pneus e impediu a passagem dos carros-pipa entre 7h30 e 10h.

O Comitê da Bacia do Salgado, a Cogerh e moradores de Lima Campos reivindicam a transferência da Operação Pipa para o Açude Orós, distante 20Km, que atualmente acumula 35% da capacidade e é o segundo maior reservatório do Ceará. "Estamos aguardando uma resposta e poderemos fazer novo protesto", frisou Oliveira. O clima no distrito de Lima Campos e na cidade de Icó é de preocupação. "A água já não tem a mesma qualidade. A gente sente um cheiro diferente na torneira", disse Erivan Anastácio, da comissão gestora do açude. "Reivindicamos que o governo faça o bombeamento do Orós para realimentar o Lima Campos para assegurar o abastecimento humano nos próximos meses", disse.

Dois oficiais do Exército receberam a reivindicação dos moradores, em Icó, na segunda-feira e ficaram de analisar a possibilidade de mudança de retirada de água para o Açude Orós.

A Cogerh informou, por nota, que o Açude Lima Campos é administrado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), por isso não tem atribuição para autorizar a retirada de água de carro-pipa para atendimento dos municípios da Paraíba. Observou que a água é utilizada para abastecimento humano, prioridade na política nacional e estadual de recursos hídricos, independentemente da localização da população. Observou, ainda, que o Lima Campos não teve um aporte significativo, o que pode dificultar o abastecimento de Icó, para o segundo semestre deste ano.

O telefone do Exército que consta no adesivo dos carros-pipa não atendeu às ligações.