Projeto inédito realiza estudo comportamental da ave Asa Branca

Com autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o estudo analisa 11 machos e nove fêmeas da espécie nos parâmetros hematológicos, bioquímicos e hormonais

Escrito por regiao@verdesmares.com.br , Honório Barbosa
Legenda: As aves foram apreendidas em áreas rurais de Iguatu e de Quixelô. O projeto tem autorização de permanência das aves em viveiro até agosto deste ano
Foto: FOTO: VIVIANE PINHEIRO

Está em andamento no Instituto Federal de Educação (IFCE), campus Cajazeiras, em Iguatu, o projeto Asa Branca, que tem por objetivo estudar a ave ícone da resistência do nordestino à seca. O estudo é inédito. Em um viveiro, sob autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 20 aves (11 machos e nove fêmeas) são estudadas nos parâmetros hematológicos, bioquímicos e hormonais.

O desafio de realizar a pesquisa é do professor do IFCE, médico veterinário Marcone Sampaio de Oliveira. "Fui motivado por um desafio para uma tese de mestrado na Universidade Estadual do Ceará (Uece)", contou. Outro estímulo ao pesquisador veio do aspecto cultural: a música 'Asa Branca' é de autoria do compositor iguatuense Humberto Teixeira, parceiro de Luiz Gonzaga. Segundo observações de Marcone Sampaio, a ave vem sofrendo influências das ações antrópicas com consequências até agora desconhecidas, uma evidência de mudança comportamental do animal que se dá pela presença cada vez maior dessa espécie em áreas urbanas devido à perda constante da cobertura de áreas vegetais, no sertão.

"A ave ainda não corre risco de extinção, mas avalio que devemos estudar o comportamento dos animais nativos, desenvolver tecnologias e outros mecanismos, antes dessa possibilidade", argumentou.

O estudo é desenvolvido em viveiro apropriado construído dentro das normas estabelecidas pelo Ibama e com autorização do ICMBio, sob a supervisão do professor Sampaio, que conta com três alunos bolsistas do IFCE.

Padrão

As aves foram apreendidas em Iguatu e de Quixelô. O professor explica que, através de punção venosa, é coletado o sangue. "O objetivo é estabelecer o padrão hematológico, bioquímico e de hormônios reprodutivos da espécie já que esses dados não constam nos mecanismos de busca na literatura mundial".

Marcone espera que uma vez estabelecido esse padrão, possa servir de apoio a futuras pesquisas na área e permitir, também, subsidiar veterinários a analisar hemograma em casos de possíveis doenças.

O próximo passo serão estudos sobre a reprodução das aves através da coleta de sêmen que será diluído e conservado em criogenia para contribuição aos bancos de germoplasma. Também se espera desenvolver técnicas de inseminação artificial assim como é feito no capote (Numida meleagris). São ideias a serem desenvolvidas mediante a ausência de pesquisas e da falta de recursos para o desenvolvimento de ciência e tecnologia.

O professor tem autorização de permanência das aves em viveiro até agosto deste ano, mas pode ser renovada por mais 12 meses.

O projeto "Asa Branca", desenvolvido no IFCE de Iguatu, tem por objetivo estudar o comportamento da espécie símbolo da resistência nordestina e estabelecer o padrão hematológico, bioquímico e de hormônios reprodutivos da ave. 

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