Prazo para conclusão da adutora de Pereiro é novamente adiado

A construção foi iniciada em 2016 e tinha previsão para ser finalizada em 120 dias. No entanto, a empresa vencedora da licitação não finalizou os trabalhos, e a obra ficou paralisada por quase dois anos. O novo prazo agora é para julho.

Escrito por Honório Barbosa , regiao@verdesmares.com.br
Legenda: A obra, que ficou paralisada por dois anos, deve ter início da fase de testes no segundo semestre deste ano
Foto: FOTO: GUSTAVO VERAS

Pereiro, no Vale do Jaguaribe, é uma das setes cidades que enfrentam contingenciamento de abastecimento no interior do Ceará há cinco anos. O Município passa por uma de suas piores situações de escassez de água. A esperança dos moradores é a conclusão da adutora que vai captar água no Rio Jaguaribe, em uma distância de 38 km. A obra foi iniciada em 2016 e tinha prazo para conclusão de 120 dias. No entanto, ficou parada por dois anos e recomeçou em 2019.

"Já faz cinco anos que a gente vem sofrendo sem água nas torneiras. Os invernos têm sido fracos, o açude continua seco e o jeito é comprar água. Quem mora aqui enfrenta muitas dificuldades". O relato é da dona de casa Raquel Víctor, moradora da cidade serrana. O município de 16 mil moradores, segundo dados do IBGE, é um dos que enfrentam desde 2014 grave crise de desabastecimento de água no Ceará, ao lado de Boa Viagem (no Sertão de Canindé), Mombaça e Piquet Carneiro (no Sertão Central), Parambu (nos Inhamuns), Monsenhor Tabosa (no Sertão de Crateús) e Itapiúna (no Maciço de Baturité).

Demora

A obra da adutora de Pereiro é complexa. Vai captar água do Rio Jaguaribe, na localidade de Mapuá, distante 38 km, através de um canal para um poço e depois passa por cinco estações de bombeamento e uma elevatória por gravidade. O sistema é automatizado e o projeto prevê condições técnicas para vencer a altura da serra. Operários trabalham atualmente na manutenção e complemento da rede de canos. Para iniciar a operação ainda é necessário a ligação elétrica pela empresa Enel.

A obra teve novamente o prazo de conclusão adiado. A previsão, segundo o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), era de que os testes iniciassem ainda neste mês. Porém, agora, ficará para o segundo semestre. A adutora é esperada há três anos. A primeira empresa não concluiu o serviço, e houve nova licitação com o custo de R$ 4,9 milhões.

Por meio de nota, o Dnocs informou que as obras estão em pleno andamento, com a conclusão das estações de bombeamento e início de implantação das estruturas para atender a ligação elétrica. O órgão informou que as adutoras instaladas em Boa Viagem, Mineiro (Jaguaribe), Iracema, Triângulo, Aruaru, Catarina, Limoeiro do Norte/Tabuleiro, São Luís do Curu e Tamboril já estão em plena operação. Estes municípios também enfrentavam escassez hídrica.

Crise

Atualmente, a Cagece atende menos de 20% dos moradores da área urbana de Pereiro porque o Açude Adauto Bezerra, responsável pelo abastecimento da cidade, continua seco. "Não houve recarga para um mês", lamentou o diretor de Unidade de Operações do interior da Cagece, Hélder Corteza. "Estamos complementando o abastecimento com poços e pequenos açudes, mas a esperança é a conclusão da adutora em 60 dias", disse.

Com a crise hídrica, a Companhia implantou rodízio na cidade, que faz com que a água só chegue às torneiras uma vez por semana. "Isso nas áreas baixas, porque nas casas em bairros altos, unidades populares, a falta de água é permanente", pontua o comerciante Márcio Lima. As famílias de baixa renda, acrescenta ele, sofrem ainda mais. Elas dependem dos caminhões-pipas e precisam comprar água potável para beber por um preço que, para a maioria, é salgado. Um balde de 20 litros custa R$ 2,00 e vem de um poço chamado Tomé Vieira.

Reforço

Nos últimos quatro anos, o Governo do Estado construiu 330 km de adutoras no Ceará a partir de investimentos de recursos da ordem de R$ 500 milhões na área de recursos hídricos (adutora, chafarizes, poços e sistemas de dessalinização).

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