Políticas ambientais demandam parceria

Escrito por Redação ,

A degradação do ambiente de serras no Estado, em decorrência dos desmatamentos e queimadas, requer uma urgente articulação dos poderes públicos, sociedade civil e empresariado. Para o Ibama, somente as parcerias podem apontar soluções viáveis. Na Universidade Regional do Cariri (Urca), diagnóstico defende ações de desenvolvimento sustentável para conservar a Área de Proteção Ambiental na Chapada do Araripe. No Crato, a Associação Cristã de Base implementa projetos agroflorestais para preservar o ambiente

Poderes públicos, sociedade civil organizada e empresariado devem se unir na formulação de políticas ambientais. É o que defende o gerente executivo substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Ceará, Camilo Santana. Para ele, somente com essa parceria e a criação de alternativas de renda para o agricultor é que se poderá combater, com mais eficiência, a degradação ambiental nas serras. As queimadas indiscriminadas, muito freqüentes nesta época do ano, são apontadas por ele como uma das causas dessa devastação. “O problema é comum a todas as serras cearenses. É uma questão cultural que precisa ser modificada com ações articuladas. O Ibama sozinho não tem estrutura para fazer esse trabalho. É necessário mais envolvimento dos poderes públicos, sociedade civil organizada e empresariado”, alerta.

O órgão federal tem propostas para Estados e Municípios visando a busca de soluções de combate às queimadas e desmatamentos. Uma delas, segundo Camilo, é a criação de Brigadas Municipais. “O trabalho seria conjunto entre Ibama e Prefeitura. Que entrariam, respectivamente, com equipamentos, treinamento e remuneração”, esclarece. A primeira Brigada está sendo formada em Juazeiro do Norte. Ela irá reforçar as ações na Chapada do Araripe. “Sua importância está em ter sempre pessoas treinadas e alertas no município para partir na frente, caso houver algum foco de incêndio. A idéia é aproveitar a Guarda Municipal”.

O Ibama mantém quatro escritórios regionais no Ceará: Crato, Sobral, Aracati e Iguatu. O próximo a ser instalado será o de Granja. São 50 fiscais para atuar em todo o Estado. Duas Brigadas Anti-incêndio atuam na Serra do Araripe e no Parque Nacional de Ubajara. Cada uma formada por 14 pessoas da própria comunidade, que foram treinadas e contratadas por oito meses de trabalho. A remuneração é de R$ 300,00 mensal. O trabalho foi reforçado com dois veículos equipados com computadores. Através de sinais, via satélite, o terminal recebe, em tempo real, todas as informações do Estado sobre focos de incêndios. É possível saber até a sua intensidade. “Isso facilita as ações de combate e controle das queimadas. Mas, ainda é pouco”.

Vinculado ao Ibama, o Centro Nacional de Prevenção e Combate às Queimadas e aos Incêndios Florestais (Prevfogo) realizou um estudo, observando os últimos cinco anos, que resultou no mapeamento de áreas consideradas mais críticas no Ceará. De acordo com Camilo, municípios como Acopiara, Mombaça, Saboeiro, Jucás, Cariús, Crateús, Várzea Alegre, Tauá, Cedro, Assaré, Campos Sales, Aiuaba, Catarina, Piquet Carneiro, Parambu, Icó, Pedra Branca, Farias Brito, Quiterianópolis e Independência estão entre os que mais apresentam focos de calor durante todo o ano, aumentando nesse período.

“A prática de queimadas e suas conseqüências são milenares. Mudar esse comportamento leva tempo. O agricultor precisa saber que é crime atear fogo sem a devida licença. Além disso, ele deve estar atento para as normas de segurança”, afirma.

AÇUDES - Além das serras o Ibama vem coibindo queimadas às margens dos açudes públicos federais. São 123 açudes monitorados pela União, através do Dnocs. O Ibama atua na área com ações visando a preservação do meio ambiente. “Essas áreas são consideradas de preservação permanente e não podem sofrer a ação maléfica do homem. De acordo com a lei, tem que se observar, no mínimo, 100 metros da margem para fora. Isso não tem existido. O que vemos são queimadas indiscriminadas para roçado e a construção de verdadeiras mansões, destruindo a vegetação nativa”, alerta.

Lêda Gonçalves