Projeto de preservação retira periquito Cara-Suja do status de risco gravíssimo de extinção

O censo anual de contagem da espécie apontou 657 periquitos

Escrito por Redação , regiao@svm.com.br
Foto: Foto: Fábio Nunes

O Maciço de Baturité é uma das mais importantes áreas de refúgio da Mata Úmida no Ceará. Diante de suas características naturais, o local abriga uma das espécies que já esteve com risco gravíssimo de extinção, o Periquito Cara-Suja (Pyrrhura griseipectus). Porém, graças as atividades de preservação, o número "está aumentando em ritmo otimista”, garante o biólogo e coordenador do Projeto Periquito Cara-Suja, Fábio Nunes.

O periquito já chegou a ocupar territórios entre o Ceará e Alagoas, mas hoje se concentra apenas em três municípios cearenses. Neste cenário, o Maciço de Baturité representa uma área importante de preservação. “Isso demonstra que é possível reverter processos de extinções e que é possível envolver comunidades locais no esforço de conservação da natureza”, ressalta Fábio. Ele foi um dos pesquisadores presentes no censo anual de contagem da espécie, realizado neste final de semana. 

Área Importante

“Foram 657 periquitos observados. É um bicho que hoje só existe no Ceará. Ele estava quase desaparecendo quando a gente começou esse trabalho”, explica o biólogo. Para minimizar os impactos, algumas parcerias estão sendo realizadas para reintegrar os pássaros. Em junho deste ano, por exemplo, doze periquitos cara-sujas foram enviados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), no Ceará, para o parque de exposição das aves, no Paraná.    

A serra de Baturité é a pátria do periquito Cara-Suja. A captura é a principal ameaça ao periquito, seja diretamente ou pela destruição de seus ninhos. Além disso, o desmatamento nas áreas onde os pássaros estão impossibilitam a busca pela alimentação. No início da década, a estimativa era que existissem somente 50 indivíduos, porém, com a utilização dos ninhos artificiais esse número aumentou. 

Levantamento

Anualmente, um grupo de voluntários, juntamente com pesquisadores e biólogos da Organização Não Governamental (ONG) Aquasis, realizam o censo dos pássaros na Serra do Baturité. “Nós utilizamos o método de contagem em dormitórios. Os indivíduos são contados quando entram ou saem do ninho no final do dia”, explica Fábio. O método requer um trabalho de mapeamento prévio dos dormitórios, que começou em agosto.

Neste sábado (31) e domingo (1), foram mapeados 147 pontos de contagem, através de levantamento realizado por 158 voluntários. 

“Os dados também podem servir de referência para futuras reintroduções em áreas onde a espécie já existiu”, explica o biólogo, destacando a importância da mobilização para a preservação da espécie.

Os dados observados são fundamentais para avaliação do status de ameaça da espécie. Eles apontam se a população está diminuindo ou crescendo frente a criação dos ninhos artificiais e mobilização junto aos moradores. O trabalho de proteção e conservação da espécie foi iniciado em 2006, pela Aquasis. 

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