Estudantes de Pacujá, Noroeste do Estado, protagonizam replantio de espécies típicas da Caatinga

Cerca de 180 crianças e adolescentes fazem parte do Projeto Jovens Ambientalistas, que atua no Município desde 2018.

Escrito por Redação , região@verdesmares.com.br
Legenda: Em 2018, o Projeto Jovens Ambientalistas de Pacujá iniciou as atividades em escolas públicas do Município.
Foto: Foto: Divulgação

Valorizar a vegetação nativa da Caatinga deixou de ser questão de prova e ganhou tons de realidade em Pacujá, município do Noroeste do Ceará. Cerca de 180 estudantes, entre crianças e adolescentes, decidiram sair da sala de aula e compartilhar ensinamentos sobre educação ambiental com seus vizinhos, familiares e colegas. Eles fazem parte do Projeto Jovens Ambientalistas de Pacujá, que, desde 2018, incentiva a substituição de plantas estrangeiras por espécies naturais do semiárido cearense no interior do Estado. 

Para Elenilson Carvalho, 17, estudante da Escola de Ensino Médio Plácido Aderaldo Castelo, os frutos das ações de hoje serão colhidos no futuro. “Para mim, isso modifica muito o ambiente. A plantação das árvores deixa tudo mais saudável e as pessoas, no futuro, também serão beneficiadas”, garante. O adolescente conta que desde os 11 anos participa de projetos ambientais e, agora, perto de prestar o vestibular, sonha em seguir atuando na área, no curso de Engenharia Ambiental.

Semeando Ideias

O ambientalista Jorge de Moura foi o responsável por implementar o projeto. Morador de Pacujá, ele teve a ideia de disseminar a valorização da vegetação nativa após ver necessário “apresentar a educação ambiental no desenvolvimento do aluno, para ele conhecer o lugar em que vive, conhecer a Caatinga, valorizar sua fauna e sua flora”, pontua. O principal desafio encontrado foi conscientizar os moradores quanto à arborização urbana. 

Segundo ele, a espécie Azadirachta indica, conhecida como Nim Indiano, acabou tomando o espaço da vegetação local nas residências, prédios públicos, avenidas e calçamentos. A proposta do ambientalista era, aos poucos, substituir a espécie estrangeira por árvores nativas. Foi preciso fazer a adequação caso a caso. “Para fazer a substituição gradativa, selecionamos as plantas de médio e grande porte”, lembra. 

Plantas Nativas

O primeiro desafio do projeto foi conseguir retirar cerca de 30 plantas indianas do entorno do Estádio Municipal Poeirão. Em seguida, foram plantadas 150 espécies nativas da Caatinga no espaço, entre fruteiras, um pinheiro exótico e uma planta de ornamentação. Além disso, nas principais praças da cidade foram plantadas árvores nativas, atividade ainda em curso nos pátios internos e externos das escolas do Município. 

Segundo a professora Raquel Maria da Silva, diretora da Escola de Ensino Fundamental Coriolano Alves de Brito, primeira a abraçar a iniciativa, em agosto de 2018, a instituição onde trabalha já costumava discutir conteúdos ambientais em sala de aula, mas, o Projeto Jovens Ambientalistas trouxe um “olhar diferenciado para utilizar as árvores nativas e fazer substituições dos ninhos que já haviam sido plantados na escola”, garante.

Crianças

Projeto

Os Jovens Ambientalistas aprendem, na prática, a identificar as árvores do Bioma local, fruteiras nativas ou adaptadas e árvores exóticas que prejudicam a Caatinga. Além disso, promovem intervenções com os moradores, coletando e selecionando boas sementes, sempre com o cuidado de plantar, regar e depois doar as mudas aos familiares e amigos. Dessa forma, a cultura da vegetação da Caatinga vai sendo disseminada nas casas e canteiros do Município. 

No decorrer de todo o Projeto, os jovens passam por oficinas de educação ambiental, atividades de grupo, aulas práticas, com plantação e distribuição de mudas, além de prestarem contas nas suas respectivas escolas. A iniciativa de educação ambiental também propõe a produção de registros que poderão servir de referência para os futuros participantes do projeto.

O trabalho tem apoio da Prefeitura de Pacujá, que auxilia com alimentação, água e transporte, além de fornecer materiais como pastas, lápis, canetas, cartolinas, blocos para rascunho, etc. Além disso, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) distribui material educativo de apoio aos participantes. O encerramento do projeto tem data prevista para outubro de 2020, quando serão mostrados os resultados através de um seminário.

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