Desfile das escolas de samba encerra Carnaval de Barbalha; resultado sai hoje

A competição teve homenagens à própria Barbalha, ao município de Juazeiro do Norte, e figuras ilustres, como o cantor Fábio Carneirinho e ex-jogador Ronaldo Angelim.

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.com.br
Legenda: Águia de Ouro homenageou o ex-jogador Ronaldo Alngelim no Carnaval de Barbalha
Foto: Foto: Antonio Rodrigues

A terça-feira e último dia de carnaval fez o Parque da Cidade, em Barbalha, lotar de foliões para acompanhar os desfiles das escolas de samba do município. Ao todo, quatro agremiações entraram na avenida para disputar o título de campeã barbalhense: Barbasamba, Águia de Ouro, Mocidade Independente e Unidos do Morro. O resultado deve sair no início da tarde desta quarta-feira (26). A apuração está prevista para começar às 10h, na quadra do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU).

A competição é organizada pela Liga Independente das Escolas de Samba de Barbalha (Liesba), que mobiliza mais de 12 comunidades ligadas às agremiações. Desde o ano passado, as escolas trabalham para conquistar recurso, além de realizarem oficinas para confecções de alegorias e ensaios todas as noites. O Parque da Cidade também é todo montado para o carnaval, com concentração e dispersão. O desfile tem 300 metros e deve durar entre 50 a 70 minutos.  

A primeira escola a desfilar foi a Barbasamba, segunda maior campeã do carnaval barbalhense com quatro títulos, mas que não desfila desde 2002, quando houve uma paralisação na competição. Com o tema Do Tabuleiro Grande a Juazeiro: Sou Barbasamba e vou ao Horto com fé, saudar o meu "Padim" - Patriarca do Nordeste, o grupo homenageou Juazeiro do Norte, cidade vizinha. Seus principais destaques foram a religiosidade popular, os artistas locais e o futebol.  

Antes do desfile, a Barbasamba sofreu com problemas técnicos, que acabou impedindo que uma de suas alegorias entrasse no Parque. Isso gerou um atraso de mais de uma hora. A escola desfilou mesmo assim, marcando seu retorno o Carnaval do município após 18 anos.

Depois dela, entrou a Águia de Ouro, representante do bairro Alto da Alegria, que trouxe para o sambódromo o samba enredo “A Águia voa com Angelim, do fundo do poço a glória no Maraca”, que celebrou o ex-jogador Ronaldo Angelim, ídolo do Flamengo e do Fortaleza. O próprio homenageado esteve no desfile, no último carro alegórico. “Estou muito feliz. Quando a Água fez o convite, de antemão aceitei. Não sabia que levavam (o carnaval) tão a sério. É muita gente acompanhando”, disse o ex-zagueiro. “Espero que possa ser campeão”, completou.  

A Mocidade Independente dos Bairros Unidos, que representa as comunidades de Vila Santo Antônio e Bela Vista, que possui um título, cantou, dançou e tocou “Barbalha, terra de contos, encantos e cultura popular”, que celebrou a própria cidade, suas belezas naturais, o folclore e as lendas. A agremiação apostou também na preservação ambiental, simbolizada pelo soldadinho do Araripe, ave endêmica da Chapada do Araripe.  

Por último, a atual bicampeã e escola de samba mais antiga de Barbalha, a Unidos do Morro, que representa o bairro do Rosário, homenageou o cantor, compositor e músico Fábio Carneirinho com o enredo “Pra chegar até aqui”. Fundada em 1963, a agremiação levou cerca de 250 componentes na avenida e apostou em elementos que lembram o forró e a trajetória do artista, que já realizou turnês internacionais. 

Acompanhado pela esposa e pelo filho no último carro alegórico, e também com seus pais assistindo ao desfile, Carneirinho se emocionou: “Não tenho palavras. Costumo dizer que ‘Deus gosta muito de mim’. Ser homenageado com uma festa dessa. Todos sabem que todos da Unidos veste, de fato, a camisa. Estão todos de parabéns. Só quem vive é quem pode dizer”, afirmou. O convite da escola surgiu em 2018, mas ano passado o cantor estava gravando seu último trabalho na França. Agora, deu certo. “É uma coisa muito emocionante”, acrescentou.  

Paixão 

O envolvimento da enfermeira Mariana Correa com o carnaval barbalhense começou quando ainda era criança, influenciada por sua mãe, uma das primeiras passistas da Unidos do Morro. Depois de passar por outras escolas, como a Barbasamba, Caprichosos (extinta), Mocidade, a jovem pousou na Águia de Ouro e comanda a escola como intérprete, há seis anos. Ela foi uma das responsáveis por compor a homenagem a Ronaldo Angelim. “Me sinto lisonjeada e feliz por ter tido a oportunidade. Você vai com os mestres adquirindo experiência. Cantei e vendo as pessoas cantarem foi gratificante”, ressaltou.   

Para a cantora, é importante que haja mais atenção do poder público com as escolas de bairro. “As pessoas carentes sabem fazer carnaval”, ressalta Mariana. Antes de entrar na avenida, a jovem participou de todo processo para construir o samba enredo que animou a multidão. “A gente faz algumas pesquisas. Tivemos uma roda de conversa com Angelim, fizemos perguntas. Ele falou o que mais marcou na infância, onde sofreu, onde teve glória. Estudei a história dele e fomos juntando peça por peça”, explica.  

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