Bebê de 3 meses diagnosticada com Covid-19 morre em Iguatu por complicações respiratórias

Menina nasceu com Síndrome de Bartter, que altera funcionamento renal- e apresentava sintomas semelhantes a gripe desde o início de março. Informação foi confirmada pela família e pela Secretaria Municipal da Saúde de Iguatu

Escrito por Redação ,
Legenda: Ana Cibely Ferreira da Silva foi encaminhada ao Hospital Regional do Município no dia 30 de março com dificuldades respiratórias e faleceu por complicações como bronquiolite e pneumonia.
Foto: Foto: Honório barbosa

Uma criança de três meses de idade, diagnosticada com o novo coronavírus, morreu nesta última sexta-feira (3), em Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. Ana Cibely Ferreira da Silva foi encaminhada ao Hospital Regional do Município no dia 30 de março com dificuldades respiratórias e faleceu por complicações como bronquiolite e pneumonia. A morte da bebê de três meses pode ser o primeio óbito de criança por Covid-19 no Ceará. Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) não fez ainda o registro na plataforma IntegraSus.

O exame para a Covid-19 foi feito no dia em que a criança faleceu, com amostras de secreções por meio de um método que identifica a presença do vírus no corpo e, dessa forma, foi constatada a presença do SARS-Cov-2 no organismo de Ana Cibely. Os pais da criança não suspeitaram da doença porque a menina apresentava complicações na saúde desde o nascimento, quando foi diagnosticada com a Síndrome de Bartter - alterações nos rins que afetam a taxa de potássio no sangue.

Devido à síndrome, Ana Cibely fazia acompanhamento no Hospital Infantil Albert Sabin, na Capital. “Quando a gente se deslocou para ir para Fortaleza, no dia 11, ela não teve contato com ninguém. A consulta dela foi a tarde, mas estava só eu e ela, eu fiquei (na casa de uma colega) até a hora da consulta pra gente não ficar exposta na rua”, conta Mara Mourão, mãe da criança.

'Essa doença está apavorando'

Com o diagnóstico da filha, a família percebe o receio da vizinhança com a possibilidade do contágio da Covid-19 na região. “Eu quero uma explicação detalhada, se for preciso fazer o exame faz eu, minha esposa e minhas duas filhas. A gente não pode sair aqui fora que as pessoas ficam com outros olhos, assustados como se a gente fosse um fantasma, como se fosse um bicho de outro mundo, essa doença está apavorando de certa forma não só o município, como o Brasil inteiro, o mundo inteiro”, reflete o pai da criança, José Ferreira.

O pai, que trabalha como mecânico, diz que fotos de Ana Cibely foram divulgadas em páginas da internet gerando desconforto, principalmente, para as irmãs da criança. “Nós estamos sofrendo muito, isso é uma falta de ética. Tem foto minha, foto da minha filha nas redes sociais, isso é muito constrangedor”, destaca.

O Secretário de Saúde do Município, Georgy Xavier, confirmou que a criança estava infectada pelo novo coronavírus. Após questionamentos dos pais sobre a data que surgiram os primeiros sintomas na paciente, colocada no exame como sendo o dia 21 de março, quando a criança ainda não estava internada, o secretário disse que  “todas as datas foram de notificações de acordo com informações relatadas no dia que a criança deu entrada (no Hospital)". Ele se solidarizou com a família e disse que não expôs os nomes de pacientes.

“Esclarecemos aqui nesse momento que quando o paciente é testado positivo ou negativo não significa que seja a causa da morte, mas a presença do vírus no organismo dessa pessoa”, acrescenta. Georgy informou que outro caso confirmado está em isolamento hospitalar com quadro estável.

Sintomas

Ana Cibely começou a apresentar os sintomas parecidos com os de uma gripe no dia 5 de março, quando foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ela foi atendida e levada para casa com a recomendação do uso de antialérgicos e vitaminas.

Mara Mourão conta que dias depois tentou vacinar a criança para cumprir com o calendário aos dois meses de idade. “O pessoal disse que não podia devido ela estar muito gripada. Se eu desse essa vacina, como eu ia viajar, ela ia ter reação. Quando eu voltei de Fortaleza, na sexta-feira, eu fui dar vacina ela ainda estava um pouquinho gripada. Outro dia eu levei ela no PSF (Programa Saúde da Família) e o médico disse que se aumentasse o cansaço e tivesse febre eu trouxesse de novo”, relata.

Os pais levaram a menina novamente na UPA da região pois as dificuldades para respirar foram intensificadas no dia 30 de março. De lá, a paciente foi encaminhada ao Hospital onde ficou até falecer no dia 3 de abril. “Depois que entubaram, ela teve três paradas cardíacas e saiu uma secreção como se fosse sangue”, lembra Mara.

Fase inicial
Medidas como distanciamento social e restrição da circulação de pessoas nas ruas ainda estão sendo analisadas pelos pesquisadores. Os resultados das ações de contingenciamento da doença, reforçadas pelo grupo, devem ser demonstrados nos próximos boletins que a Rede CoVida deve publicar semanalmente.

O governador Camilo Santana anunciou, no último sábado (4), a extensão do decreto que proíbe o funcionamento de estabelecimentos comerciais até o dia 20 de abril. As atividades estão paralisadas desde o dia 20 de março. Também foram suspensas as aulas presenciais em todas as modalidades de ensino até o início de maio pelo Governo do Estado. Tais medidas são baseadas em estudos científicos como forma de conter o avanço da doença no Ceará, como argumentou o governador.

Na análises dos pesquisadores da Bahia, no modelo SIR, os parâmetros e as comparações são feitas com experiências anteriores de propagação de doenças e avaliam os padrões observados nas populações. “No decorrer da epidemia e com os avanços dos conhecimentos sobre as suas características em nosso contexto, os parâmetros vão sendo melhor definidos e os modelos vão sendo qualificados, tornando-se mais robustos e incrementando a sua capacidade preditiva”, reforçam no artigo os especialistas.

As informações utilizadas para a projeção são colhidas nas secretarias estaduais da saúde devido às inconsistências observadas entre os dados divulgados por estes órgãos e pelo Ministério da Saúde. “Temos a convicção de que esforços estão sendo feitos para a correção destes problemas e que poderemos ter um sistema aperfeiçoado dos dados oficiais da epidemia”, pontuam.

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