O plantio de hortaliças sem agrotóxico tem mercado garantido

A crise hídrica que perdura desde 2012 fez com que os plantadores de diminuíssem a produção. Quem apostou no plantio, sem agrotóxicos, se deu bem e está vendendo tudo em feiras e no comércio

Escrito por Honório Barbosa , barbosaredacao@diariodonordeste.com.br
Legenda: As hortaliças cultivadas sem o uso de agrotóxicos ganham maior valor de mercado e são cada vez mais procuradas por consumidores que buscam qualidade nos produtos
Foto: Foto: HONÓRIO BARBOSA

Em meio à seca que castiga o sertão cearense há sete anos, alguns agricultores de base familiar ainda conseguem manter a produção de hortaliças graças à implantação de tecnologias de convivência com o Semiárido. A maioria, entretanto, suspendeu a atividade por causa da escassez de água. O reflexo da estiagem é a queda na oferta de verdura (coentro, cheiro verde, pimentão) nas feiras livres e mercadinhos.

Quem consegue produzir está satisfeito com o mercado favorável. O agricultor Almir Batista e o genro, Remildo Souza, na localidade de Guassussê, zona rural de Orós, mantêm o cultivo de pimentão, alface, cebolinha e coentro. "Diminuímos a produção em 30%, mas vendemos tudo que produzimos para os sítios vizinhos e para as cidades de Orós e de Icó, porque, com a seca, sem água nos poços, as hortas estão se acabando", disse. A dupla consegue obter cerca de R$ 3 mil por mês com a produção das hortaliças.

A Secretaria de Agricultura de Iguatu estima que o número de unidades produtoras caiu pela metade se comparado com outubro de 2016.

Quem ficou na atividade e quem apostou em plantio sem uso de agrotóxico comemora bons resultados: vendas crescentes. Um exemplo vem do sítio Barreira dos Pinheiros.

O produtor Ednaldo Barros cultiva alface de maneira natural, sem o uso de nenhum produto químico. Os pés chamam a atenção pela qualidade e bom desenvolvimento. A plantação livre de veneno atrai o desejo dos consumidores na feira livre. "Vendo tudo o que produzo", disse. A estiagem que assola o sertão cearense desde 2012 afetou os produtores de hortaliças ano após ano. Nesta época, os poços secaram ou estão com nível de água muito baixo.

Obstáculo

A dificuldade para a irrigação dos canteiros de verdura faz com que a maioria desista do cultivo. Há escassez de água também nos quintais produtivos que dependem do recurso hídrico acumulado em cisternas de enxurrada. A queda na produção já traz reflexo na feira livre das cidades e nos pontos de venda de frutas e verduras. "Acaba logo pela manhã cedo e não dá para atender toda a clientela", disse o vendedor, Luís Gomes. "Havia muitas hortas, mas houve uma diminuição por causa da dificuldade de água".

Há, pelo menos, cinco meses que não chove no sertão cearense. Os médios e pequenos açudes e poços secaram ou estão com reduzida quantidade de água. Em Iguatu, o produtor de hortaliças Francisco Ribeiro, da localidade de Barreiras, já tomou uma decisão: "Só vou colher esse restante e não vou mais plantar".

Inviável

A produção ficou inviável porque não há água nem mesmo no Rio Trussu para a continuidade do trabalho do agricultor, Ribeiro. Ao lado da mulher, o produtor de base familiar, mostra com tristeza parte do cultivo de hortaliças perdida por falta de água. "O poço secou e não tem água no rio".

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