Jeri inova com danças folclóricas

Bonecos gigantes, baile com marchinhas, teatro de rua e danças folclóricas animaram Jericoacoara

Com bonecos gigantes, marchinhas, maracatus, dança do coco e teatro de rua, o Carnaval de Jeri foi a grande novidade do Litoral Oeste. A tranquilidade é a de sempre, as ondas e o por do sol compondo o paraíso internacional.

Todos os dias, uma grande plateia festejou o por do sol na duna Fotos: Kiko Silva

Mas, afora trios elétricos e paredões de som em outras praias, a comunidade dos povos do mar fez um Carnaval para ela mesma protagonizar. Os turistas que nunca tinham ouvido as loas de um maracatu ou visto o gingado de um coco, puderam registrar um paraíso cultural para além de coqueiros, dunas e mar.

Jacaré Jeri

Numa alusão ao formato da vila vista do mar em silhueta de jacaré, o Carnaval Jacaré Jeri celebrou a arte popular e, quem foi lá para dançar um reggae, dançou reggae, coco, marchinhas e maracatu. Após contemplar o nascer da noite na Duna Por do Sol, milhares de turistas conferiam e participavam da festa cultural na Praça Edvá Esmerino da Silva. "É um Carnaval sustentável, respeitando o meio ambiente, as tradições locais e os ouvidos de quem quis estar longe dos paredões de som. Terminamos sempre às 22 horas em respeito à Lei do Silêncio", explicou Aleana Duarte, uma das organizadoras do evento.

Foram atrações a Dança do Coco da comunidade Alagadiço, do Trairi; Maracatu Nação Tremembé, do distrito de Aracatiaçu, em Sobral; e a Trupe Caba de Chegar, de Fortaleza. As famílias brincaram ao som de marchinhas, com direito a boneco gigante de um jacaré. Dias antes, as crianças da comunidade participaram de oficinas de bonecos e de máscaras.

O Maracatu Nação Tremembé, de Sobral, apresentou aos turistas e povos do mar as loas carregadas de africanidade

Turismo renovado

Direto de Belém (PA), uma turma de 43 amigos festejou o Carnaval pelo terceiro ano seguido na Praia de Jericoacoara. Inventaram até o bloco Jeri Folia. Tanto gostam que a cada ano a turma aumenta.

Jericoacoara recebeu turistas de vários países. Quem não desceu em Jijoca, sede municipal, para seguir trilha de carro pelas dunas, chegou de helicóptero, com direito a sobrevoo pela famosa Pedra Furada.

A turista francesa Marie Tonx, que só ouvia falar de samba do Rio de Janeiro, dançou maracatu e balançou com bonecos gigantes nas marchinhas de Carnaval.

O mar ali também foi praia para o 1° Greenish SUP Fantasy, circuito internacional de surf que premiou homens e mulheres do Brasil e da Itália.

Forró elétrico

Em contraste, a onda foi o forró elétrico nas praias de Paracuru. De dia, paredões, especialmente no Quebra-Mar. Mas, a grande quantidade desses equipamentos num curto espaço gerou confusão sonora. Sem organização, 29 paredões foram contados, um ao lado do outro, na praia.

Paracuru marcou a festa com forró elétrico em show na Praça Central

Forró de Salto, Lagosta Bronzeada e várias outras bandas animaram mais de 40 mil pessoas em cada dia de festa. Os brincantes se concentraram na Praia da Munguba, na Praia do Farol e na Praça de Eventos. Para evitar desabastecimento de água, dado à demanda, a Prefeitura providenciou a escavação de novos poços profundos.

PROTAGONISTA

Paraense renova paixão por Jericoacoara

O bancário João Nogueira, de Belém (PA), só tem um lugar certo depois de casa e trabalho: Carnaval em Jericoacoara com a família e amigos - 43 visitantes somente neste ano. Veio a primeira vez em 2011, de tanto que ouviu falar das praias do Ceará. Apaixonou-se e trouxe outra paixão: a família inteira. Os brincantes criaram o Bloco Jeri Folia, e já partem do Estado do Pará com mínimo necessário, "porque alegria é o que precisa caber na bagagem de volta". Comprou na saída uma "sombrinha do frevo" e brincou feito menino nas areias da praia.

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER