Greve de médicos afeta Caucaia parcialmente

Escrito por Redação ,
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Médicos reivindicam Plano de Cargos, Carreira e Salário em Caucaia. Prefeitura já enviou projeto à Câmara

Caucaia. O primeiro dia de deflagração da greve dos médicos municipais começou logo cedo, por volta das 7h de ontem, e causou transtornos à população deste Município. Algumas pessoas tiveram de retornar para casa sem receber atendimento médico. Porém, aos poucos, ainda pela manhã, o serviço de saúde ficou perto da normalidade no maior hospital de urgência e emergência de Caucaia, o Abelardo Gadelha da Rocha.

Segundo o diretor-geral, Marcelo Vidal, houve um problema pontual na área de Pediatria. Contudo, os casos mais graves foram recebidos pelo profissional que estava atendendo. "Neste hospital, cerca de 20% a 30% são médicos concursados. A grande maioria não é. Por isso, não aderiram à greve. Aqui, o movimento não surtiu muito efeito", declarou Marcelo.

Porém, conforme os pacientes e próprios funcionários do hospital (que não quiseram se identificar) o atendimento não estava sendo feito como nos outros dias. "Hoje, está muito diferente. Não é só médico que está faltando. Também não tem assistente social nem enfermeira", reclamou o garçom Lucélio Martins, que aguardava atendimento dentro do hospital. "É complicado. Estava marcado para hoje eu pegar os documentos para dar entrada no Dpvat. Mas, até agora, ninguém apareceu. Estou esperando há mais de três horas", desabafou o vendedor Lucenilson Nobre.

Outro local que paralisou parcialmente as atividades foi o Hospital e Maternidade Santa Terezinha, na Jurema, em Caucaia. Lá, as dificuldades de atendimento foram maiores no horário mais crítico: na mudança de plantão, no início do dia.

Carreiras e salários

Na versão do secretário de Administração do Município, José Crisóstomo, a greve seria suspensa tão logo a principal reivindicação dos médicos - o envio do Plano de Cargos Carreira e Salários (PCCS) à Câmara Municipal para votação - fosse atendida. O documento foi remetido na manhã de ontem. "Os vereadores estão sensíveis ao caráter de urgência da apreciação desse plano. Só que a votação só ocorrerá na terça-feira, dia 21, na próxima reunião da Câmara. Após a aprovação, vai ser sancionado pelo prefeito e imediatamente entrará em vigor. "Provavelmente, em novembro, o salário já estará corrigido", informou o secretário, lembrando que a demora de 45 dias para enviar o plano para a Câmara dos Vereadores ocorreu em virtude de ser o primeiro PCCS da história de Caucaia. "Foram necessários mais ajustes recomendados pela Procuradoria Geral do Município. Mas, além desse plano, estamos enviando também o dos guardas municipais e agentes de trânsito. Estamos em diálogo com os dentistas, enfermeiros e médicos do PSF para confeccionar o PCCS dessas categorias também", confirmou.

Contraponto

Os representantes dos médicos estiveram na Câmara Municipal ontem pela manhã. Eles tiveram acesso à cópia do PCCS. Segundo o presidente do Sindicato do Médicos do Estado do Ceará (Simec), José Maria Pontes, há alguns pontos no documento que não estão sendo cumpridos de acordo com o que ficou acertado nas reuniões anteriores de elaboração do plano. O pagamento do reajuste retroativo referente a maio é um dos tópicos. "Vamos conversar com a categoria, que vai decidir. O salário base atual de um médico em Caucaia é de apenas R$ 600. Isso é um absurdo", comentou.

Ele confirmou que a greve começou realmente ontem. "A Prefeitura está orientando os funcionários a dizer que não existe greve. Só que mais de 100 médicos já aderiram ao movimento. Não são apenas os concursados que estão participando, os temporários também", afirmou. Segundo ele, os médicos estão cumprindo o horário normal de trabalho, porém só estão se dedicando aos casos mais graves.

"Consultas e cirurgias eletivas (sem caráter de emergência) estão suspensas por tempo indeterminado", disse ele.

ILO SANTIAGO JR.
Repórter