Feiras de produtos agroecológicas crescem no Interior

Neste sábado, ocorre a 4ª etapa do Ciclo de Seminários 'Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar'

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: Em Itapipoca, no Litoral Oeste do Estado, a feira agroecológica conta com 20 produtores. Eles comercializam diretamente ao consumidor, quinzenalmente

Itapipoca. As feiras orgânicas e agroecológicas apresentam crescimento no Ceará e são opção para uma alimentação saudável. São 16 em todo o Estado, de acordo com o "Mapa de Feiras Orgânicas" do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Uma das mais tradicionais é realizada em Itapipoca, onde ocorre, neste sábado (18), a 4ª etapa do Ciclo de Seminários "Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar".

Ir à feira comprar frutas, verduras e hortaliças é uma tradição milenar. Toda cidade, pequena ou grande, tem um comércio desse tipo realizado em um dia específico da semana. Mas, o velho hábito tem ganhado um novo aliado no mercado, os alimentos orgânicos ou agroecológicos. Produzidos sem o uso de agrotóxicos, podem ser encontrados com maior frequência em barracas ao ar livre.

De acordo com a ferramenta "Mapa de Feiras Orgânicas" do Idec, 844 feiras comercializam esses alimentos em todo o Brasil. Em Itapipoca, no Litoral Oeste do Estado, a feira agroecológica conta com 20 produtores. Divididos em barracas, vendem, quinzenalmente, às quartas-feiras, além de verduras, castanha, mel, fécula, farinha, doces, temperos e remédios caseiros.

A iniciativa é um importante incentivo aos pequenos produtores e será tema de um dos painéis da 4ª etapa do Ciclo de Seminários "Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar", que será realizado no Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (Cetra), em Itapipoca, das 7h às 19h. O evento deverá reunir cerca de 250 produtores das comunidades dos municípios dos Vales do Curu e Aracatiaçu.

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A etapa do ciclo de seminários é uma realização do Instituto das Artes da Mesa - L´Atelier, com o patrocínio do Instituto Agropolos e parceria do Cetra. "A ideia é valorizar a agricultura familiar, fortalecer a organização dos grupos produtivos e dar oportunidade de comercialização dos produtos sob a perspectiva da socioeconomia solidária", pontuou o organizador do seminário, Adalberto Araújo. "Reafirmamos a vocação da população rural de viver em equilíbrio virtuoso com a natureza, ao mesmo tempo em que contribuímos para a segurança alimentar e nutricional, e melhoria das condições de vida e das oportunidades de emprego no meio rural".

Qualidade

A diferença entre orgânicos e agroecológicos consiste no modo de cultivo, sendo o orgânico produzido em um sistema de controle permanente, que vai desde a compra da semente até chegar à mão do consumidor. Já os produtos agroecológicos, que trabalham com várias culturas no mesmo local, não utilizam agrotóxicos, mas não necessitam de selo de certificação.

Para falar sobre a importância dos insumos agroecológicos na mesa do brasileiro, dois renomados chefs de cozinha, Eduardo Sisi e Reginaldo Borges, vão ministrar uma oficina gastronômica, em uma cozinha experimental, com 45 participantes do seminário. "Entre os benefícios desses alimentos, além da ausência de contaminação, está a garantia de melhor qualidade nutricional", explicou Sisi. "O amendoim, por exemplo, é mais nutritivo e mais saboroso, se comparado ao produzido em escala industrial com pesticidas".

O evento vai possibilitar também que os chefs, com suas experiências, aprendam como os agricultores preparam os insumos agroecológicos e vão apresentar outras maneiras de preparo, com o objetivo de potencializar esses alimentos.

Oficinas

O Ciclo de Seminários no Litoral Oeste promoverá oficinas sobre o manejo agroecológico, as sementes crioulas ou sementes da vida e o cultivo e beneficiamento da araruta. As sementes crioulas e a araruta correm risco de extinção devido à produção em larga escala do agronegócio.

Segundo Adalberto, ao longo de 12 mil anos da agricultura, mais de 7 mil espécies de alimentos foram cultivadas. Hoje, apenas 12 espécies formam a base da nossa alimentação. As chamadas sementes da vida carregam informações sobre cada clima, solo e manejo específico.

Da raiz da araruta, planta originária das regiões tropicais da América do Sul, é extraída uma fécula branca que é alimentícia e recomendada para pessoas com restrições ao glúten. O produto era bastante utilizado no preparo de mingaus, bolos e biscoitos, mas, ao longo dos anos, foi substituído pelo polvilho de mandioca ou pela farinha de trigo.