Falta de dados provoca alarme sobre poliomielite

Segundo o Município, problema de acesso à internet foi o principal motivo para a lacuna nas informações

Escrito por Alex Pimentel - Colaborador ,
Legenda: No primeiro ano de vida, são necessárias três doses, injetáveis; uma aos dois meses, outra aos quatro, e a terceira aos seis meses. Quando completa um ano e três meses, vem o primeiro reforço, polioral, pela gotinha

Quixadá. O alarme feito pelo Ministério da Saúde (MS), sobre a vacinação contra a poliomielite, conhecida como paralisia infantil, está deixando a população assustada. No entanto, o diagnóstico divulgado pela Pasta, atribuído ao descuido dos pais e dos municípios quanto à proteção antiviral, está causando irritação. Barreira, cidade do Interior do Ceará, a 72 quilômetros da capital, Fortaleza, foi incluída na relação de cobertura de vacinação abaixo dos 50%. Os dados apontados são ainda inferiores, 38,51%.

Segundo a coordenadora da Atenção Básica do Município, Márcia Assis, o acesso à internet foi o responsável pelo alarme falso. Segundo suas informações, a maioria dos dados não foi lançada antes do fechamento do ano. Os números apresentados não correspondem aos alcançados para manutenção da imunização da paralisia infantil, como essa grave doença contraída geralmente na infância, em crianças menores de quatro anos, é mais conhecida. No ciclo de vacinação de 2017, alusivo aos números fornecidos pelo MS, Barreira alcançou 95%, informa.

No ano passado a Secretaria da Saúde de Barreira contava apenas com um operador para digitalizar todos os dados. Associado à constante queda de sinal da Internet, o problema foi se acumulando. Segundo Márcia de Assis, as dificuldades sempre foram apresentadas nas reuniões da Célula Regional de Saúde, em Maracanaú. Diferentemente da realidade encontrada pela população quando procura os postos de saúde. Dose de vacinação não falta. Além disso, as campanhas de multivacinação são constantes, ressalta.

Dificuldades pontuais

A coordenadora de Imunização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ana Vilma Braga, confirmou haver dificuldade de alguns municípios cearenses no cumprimento das metas de imunização. Todavia, em matéria de articulação de prevenção, o Ceará tem se destacado. Foi o primeiro do Nordeste a alcançar a cobertura vacinal acima dos 90% contra o vírus influenza. Essa estratégia tem se mantido. Não seria diferente no caso da poliomielite, erradicada no País em 1994.

"A maior parte da nossa população sabe que a vacina contra a poliomielite está disponível durante todo o ano, até a criança ultrapassar os cinco anos, quando já fica mais protegida desse risco. No primeiro ano, é preciso tomar três doses, injetáveis; uma aos dois meses, a segunda aos quatro e a terceira aos seis meses. Quando completa um ano e três meses é a vez do primeiro reforço, polioral, a gotinha. Depois aos quatro anos. Quem tiver dúvida, basta ir ao posto de saúde. Toda mãe quer seu filho saudável", ressalta.

Campanhas

As campanhas, realizadas com um auxílio da mídia, têm sido fundamentais para o sucesso da vacinação no Estado. Vale ressaltar, que são planejadas e definidas pelo Ministério da Saúde. A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite deste ano está programada para o período de 6 a 31 de agosto. A coordenação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) emite notas técnicas periodicamente para os estados e municípios, alertando sobre o monitoramento e avaliação das coberturas vacinais.

Para os estados que estão abaixo da meta de vacinação, os gestores locais têm sido orientados a organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população. Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também a família. Manter os sistemas de informação sempre atualizados auxilia nos planejamentos e evita transtornos.

Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou existirem atualmente 312 municípios brasileiros com cobertura abaixo de 50% para a poliomielite. O risco também existe para todos os municípios que estão com coberturas abaixo de 95%.