Desmatamento e queimadas causam diminuição de ipês no Cariri

A beleza da florada da árvore, nativa das Américas e que possui diversas cores, está ameaçada no Cariri. Se antes a planta era encontrada em abundância na região, hoje especialistas alertam que é preciso investir no replantio

Escrito por Redação , regiao@verdesmares.com.br
Legenda: Além da florada amarela, que ocorre em setembro, existem também os ipês roxo, branco, azul, rosa e verde
Foto: FOTO: ELIZANGELA SANTOS

O mês de setembro marca a transição do inverno para a primavera. A mudança de estação anuncia a chegada de um espetáculo da natureza protagonizado pelos ipês, árvores nativas das Américas e adaptadas em várias regiões do Brasil, que concentra sua maior variedade, com 33 gêneros e 412 espécies. O ipê-amarelo, é um deles. É essa a variação da árvore que floresce no início da primavera, colorindo e mudando o cenário urbano de Juazeiro do Norte, no Cariri.

Essa beleza natural, no entanto, pode estar ameaçada. Se historicamente a árvore era comum na região, agora a população percebe que a árvore está cada vez mais difícil de ser encontrada. Para o ambientalista e biólogo William Brito, o desmatamento e as queimadas são os principais fatores para diminuição dos ipês na região.

Além deste agente antrópico, o estudioso destaca outro fator que dificulta o surgimento de novas unidades. "Um ipê leva três anos para florescer. Neste período, está sujeito a muita coisa. Um dos problemas que acontecem, principalmente no Cerrado brasileiro, são as chuvas, que estão demorando mais a chegar por conta das mudanças climáticas. Acontece que a semente cai no chão e as chuvas não chegam", justifica.

Alternativas

O ambientalista acredita que uma das saídas para mudar esse cenário é plantação de ipê no perímetro urbano, principalmente nas praças. "Em vez de ter espécies exóticas, por que a gente não planta as nativas?", provoca. Além disso, lembra que a própria Colina do Horto, onde está a estátua do Padre Cícero, já abrigou diversos ipês.

"Poderia ter ali e também na encosta do Caldas (em Barbalha). O poder público tem que se engajar. Multiplicar as espécies nativas e aplicá-las, adequadamente, nas cidades", completa.

A alternativa sugerida pelo ambientalista começou a ser adotada em abril do ano passado. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Juazeiro do Norte (Seagri) deu início ao Programa de Agricultura Urbana do Município, que desenvolve os projetos "Saúde na Mesa", "Farmácia Verde" e "Jardins Florestais".

Os dois primeiros já estão funcionando, com a criação de hortas em escolas, postos de saúde e outros prédios, incluindo plantas medicinais. Já este último, prevê justamente o cultivo de plantas nativas da região, incluindo o ipê, e também frutíferas em praças e outros equipamentos públicos. As mudas serão levadas, no início de outubro, para plantio nas praças dos bairros Santa Tereza, Campo Alegre e Centro.

Os ipês também são denominados de "Tabebuia", "pau-d'arco", "peúva" e "paratudo". Os nomes são múltiplos, assim como sua variedade de cores: amarelo, roxo, branco, azul, rosa, verde. No Cariri, seu tronco foi importante tanto para a população indígena quanto para a instalação dos primeiros engenhos de açúcar. A árvore é encontrada nas zonas urbana e rural.