Comunidade colhe frutos de nova experiência

Escrito por Redação ,
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Comunidade dá exemplo de desenvolvimento sustentável com ações de agroecologia

Meruoca. Moradores do Sítio Santo Elias estão colhendo frutos da nova experiência. Organizados na Associação Comunitária Coração de Maria, eles conseguiram convênio com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Hoje, a produção mensal de 1.200 quilos de polpa de frutas, colhidas no quintal de casa, está com venda antecipada para fornecimento da merenda das escolas do Município e restaurantes em Sobral. Os três congeladores na sala estão abarrotados do produto e as máquinas, despolpadeira e seladora, usadas comunitariamente, não param de trabalhar. “Nós temos R$ 30 mil em caixa para trabalhar polpa, doce, verdura natural, galinha caipira, óleo de babaçu, de um tudo a gente faz”, ressalta o agricultor Sebastião Barbosa da Silva.

Experiências

Enterrando o tempo em que somente plantava milho, feijão e mandioca, seu Sebastião ainda se admira com lucro e benefício das novas experiências. “Em um único pé de cajá que nos beneficia, dá pra tirar até R$ 800 de lucro”. E se aparece agricultor se queixando da demora em colher os primeiros frutos nesse novo sistema, seu Sebastião descasca: ´Demora oito anos pra nascer e passa 100 anos botando. A gente é que dura pouca coisa”.

Além da cajazeira, os agricultores estão intensificando o trabalho com acerola e tangerina, fruteiras com retorno de médio e curto prazos.

O Programa Demonstrativo (PDA), em parceria com o Instituto Carnaúba e a Associação Comunitária da Comunidade Santo Elias, também investe na produção coletiva de mudas nativas e cafés sombreados, para serem cultivados nas propriedades inscritas no Projeto. Mudas de cedro, jatobá, camuzé, angico, jucá, pau d´arco, ipê roxo, ipê amarelo, nim, moringa, leucena, goiaba e outros, são produzidas no viveiro de mudas nas áreas de seu Sebastião, que disponibilizou água e energia para que fosse possível o desenvolvimento da atividade. Pois no quintal dele já se acumulam cerca de 25 mil mudas, que vem sendo plantadas nos Safs, em regime de mutirão, pela comunidade e por jovens estudantes da Universidade Estadual Vale do Acaraú.

Como a agroecologia visa produzir modelos tecnologicamente abrangentes, socialmente justos, economicamente viáveis e ecologicamente sustentáveis, o Instituto Carnaúba vem trabalhando com jovens universitários nas atividades de campo. Cultivando novas consciências, as atividades visam a troca de conhecimentos entre estudantes e agricultores, através da prática de conservação de solo, produção de mudas nativas e exóticas, conservação de sementes e comercialização de produtos da agricultura familiar. ´Queremos trabalhar os novos profissionais. Homens e mulheres que possam construir uma nova humanidade. É importante o contato com a ciência, até porque a academia também é responsável pela formação de profissionais que, por muitos anos, apenas pensaram em vender máquinas e veneno´, destaca Osvaldo.

No último domingo, dia 9, os universitários realizaram mutirão de plantio no Sítio Boa Esperança, nas terras de dona Maria de Jesus Ferreira, de 80 anos, que também ainda pega na enxada. Com bom humor eles aproveitaram o dia chuvoso, plantaram cerca de 200 mudas e depois participaram de um almoço caprichado, feito pelas mãos fortes de dona de Jesus. “É tudo muito bom”.

Vendas

Além de vender parte da produção previamente, os agricultores do Santo Elias e São Francisco também contam com cinco minicentros de vendas, construídos às margens da estrada Sobral-Meruoca. Aos finais de semana, quem sobe a serra pode comprar artesanato, doces, polpas de frutas, condimentos e frutas inaturas, como manga, mamão, tangerina ou banana, tudo da melhor qualidade. O local também serve de ponto de encontro para distribuição de panfletos, boletins e informações referentes ao projeto desenvolvido na Meruoca.