Bacia dos Sertões de Crateús tem maior recuperação hídrica em 2020

Os dez reservatórios que compõem a Bacia vinham sofrendo com seca severa há quase uma década e conseguiram, diante das boas chuvas, recarga significativa neste ano. Mais de 250 mil pessoas são beneficiadas diretamente

Escrito por Redação , regiao@svm.com.br
Legenda: O Açude Colina, em Quiterianópolis, é um dos 33 reservatórios que estão sangrando no Estado
Foto: Foto: kid jr

Com uma recarga de aproximadamente 300 milhões de metros cúbicos de água, a Bacia dos Sertões de Crateús registrou até agora, em termos percentuais, a maior recuperação hídrica do Ceará neste ano. Após quase uma década de seca severa, três dos 10 reservatórios que compõem a Bacia estão sangrando e a maioria recebeu aporte importante para garantia hídrica das cidades abastecidas. Com essa melhoria, possibilitada pelos bons volumes pluviométricos dos meses iniciais de 2020, mais de 250 mil cearenses, que vivem em nove municípios atendidos pela Bacia, foram beneficiados.

A Bacia iniciou o ano com acúmulo de apenas 5,4%, volume que saltou para 44,46% até ontem (18), conforme dados da Cogerh. O último ano com boas chuvas na região havia sido 2009.

"Nós chegamos a ter, na Bacia, só 1,7% ao fim de uma quadra chuvosa, em 2017. Neste ano, nós estamos com 44,4%, o que representa quase metade da capacidade e isso é muito animador", avalia Bruno Rebouças, diretor de Operações da Cogerh.

Apesar disso, o representante adverte que a situação precisa ser analisada com cautela e a longo prazo. "Temos que observar que vivemos em uma região semiárida, e que um dos aspectos mais relevantes nesse contexto é justamente a má distribuição da chuva no tempo e no espaço", aponta. Exemplo disso é o Açude Barra Velha, em Independência, que segue com volume morto, com menos de 1% da capacidade. Hoje, o Município depende da transferência de água dos reservatórios Cupim e Jaburu II, também na Bacia dos Sertões de Crateús.

Aporte

Os reservatórios Barragem do Batalhão e Carnaubal, ambos localizados no município de Crateús, e o reservatório Sucesso, em Tamboril, excederam sua capacidade e permanecem sangrando desde março. Além deles, o Colina, em Quiterianópolis, também está sangrando, conforme dados da Cogerh. No início do ano, os quatro reservatórios estavam com volume em 30,20%, 4,39%, 54,24% e 44,23%, respectivamente. O bom aporte destes quatro açudes beneficia diretamente mais 118 mil habitantes das cidades acima mencionadas.

Cenário semelhante

A Bacia do Banabuiú, também localizada na Mesorregião do Sertão Central, que historicamente recebe as menores precipitações do Estado, igualmente acumulou recarga importante neste ano. "Iniciamos 2020 com 155 milhões de metros cúbicos e tivemos um aporte de pouco mais de 96 milhões, o que é muito significativo", ressalta Paulo Ferreira, gerente regional da Cogerh em Quixeramobim. "Isso se deu em várias regiões da bacia, o que possibilitou que açudes que estavam com volume morto ou completamente secos desde 2015 voltassem a ter recargas".

Neste cenário, o gerente destaca quatro reservatórios. "O Vieirão, que abastece Boa Viagem, estava seco no início do ano e teve aporte de 2,870 milhões de metros cúbicos. Outro que estava completamente seco era o Serafim Dias, que abastece Mombaça, hoje, próximo a 1 milhão/m³. Também o Pedras Brancas, que abastece Quixadá e Quixeramobim, que estava com 35 mi e agora conta com 45 mi", detalha.

Mesmo diante das boas recargas, Bruno Rebouças diz que ainda não é momento para deliberar o uso da água para agricultura. Ele cita, novamente, o histórico de baixos volumes na região e explica que é preciso chegar ao fim da quadra chuvosa para decidir sobre a utilização do líquido.

"Passado este período, os comitês de bacia deliberam sobre o uso da água e como ela vai ser distribuída para atender os usos múltiplos, sempre priorizando o abastecimento humano", destaca Rebouças.

O objetivo destes encontros semanais é preservar e otimizar a água nos açudes do Ceará.

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