Atraso na instalação de teleféricos frustra economias locais

Os equipamentos de Barbalha e Ubajara são considerados fortes atrativos para impulsionar o turismo regional. No entanto, a execução das obras se arrasta há anos e os prazos estabelecidos pelo Governo do Estado não foram cumpridos

Escrito por Redação , regiao@svm.com.br
Legenda: As obras do teleférico de Barbalha tiveram início em 2016. O prazo de conclusão já foi adiado por três vezes.
Foto: FOTO: ANTÔNIO RODRIGUES

O atraso no funcionamento dos bondinhos de Ubajara, na Serra da Ibiapaba, e de Barbalha, no Cariri cearense, traz impacto para o setor turístico regional e frustra as expectativas locais de toda a cadeia econômica que se relaciona com os dois equipamentos públicos.

Na Serra da Ibiapaba, o bondinho está sem funcionar desde 2015. Até então, o equipamento era um dos principais cartões-postais, responsável por atrair 150 mil visitantes anuais. Diante de tão robusto número, o Município vive a expectativa da reinauguração. Pelo menos quatro previsões já foram divulgadas pelo Governo do Estado entre os anos de 2018 e 2019.

O anúncio mais recente previa o funcionamento para dezembro passado. Agora, o novo prazo, segundo a Superintendência de Obras Públicas (SOP), é para o próximo mês de fevereiro. O órgão, entretanto, não informou o porquê dos prazos anteriores não terem sido cumpridos.

De acordo com a SOP, a obra do teleférico de Ubajara, orçada em R$ 9,8 milhões, está com 90% dos serviços realizados. Já com relação ao bondinho de Barbalha, a SOP limitou-se a informar apenas que "as obras encontram-se em fase de conclusão", mas não estimou um novo prazo para início da operação.

Sucessivos atrasos

O projeto do teleférico de Barbalha é de 2012, mas só teve as obras iniciadas quatro anos mais tarde. Com investimento de R$ 14 milhões, o equipamento já teve três prazos de conclusão - o último estimava o início da operação para setembro de 2019. Nenhum deles foi cumprido.

Assim como em Ubajara, o teleférico da cidade caririense deve impulsionar o turismo regional. O empresário João Santil de Sousa possui um restaurante no distrito do Caldas, onde o bondinho está sendo instalado, há mais de 20 anos. Em 2019, visando o início das atividades do equipamento, abriu uma pousada na mesma região. No entanto, o investimento, até agora, não trouxe retorno. "É uma obra que estamos aguardando e nos preparamos para isso", ressalta, ao lamentar os sucessivos atrasos. Os preparativos dos empresários não restringiram-se aos recursos financeiros. João Santil e outros 11 empreendedores receberam consultorias do Senac e Sebrae como preparação para melhorar a recepção dos visitantes.

"Fizemos cursos de cozinha, como arrumar o apartamento, preparar os pratos", completa. Os sucessivos adiamentos trazem desconfiança em ambos os municípios. Em Ubajara, o secretário de Turismo, Gláuber Lira, ressalta que "está difícil (de acontecer a inauguração). Não foi possível para dezembro passado e agora estão prevendo para fevereiro. É mais um prazo, vamos esperar".

Visitantes

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Ubajara, Elisvaldo Bezerra, reforçou que "o teleférico atrai mais visitantes e impacta na economia local, na geração de emprego, renda, no varejo, prestação de serviço e em todos os setores, como hotéis, restaurantes e artesanato".

O órgão estima que, após o fechamento para reforma, em 2014, a cidade teve queda anual de "20% a 30% no fluxo de visitantes". Para o gestor do Parque Nacional de Ubajara, Gilson Mota, a queda é ainda maior. Segundo observa, com o retorno da operação do bondinho, o Parque terá incremento de quase 50% no número de visitantes. "A nossa expectativa é muito grande", pontuou. Ele garante que, ao longo dos anos em que o equipamento esteve parado, a região se estruturou melhor para atender o alto volume de turistas. "Hoje, oferecemos mais opções de passeio e lazer, além da capacitação no acolhimento por parte dos guias que receberam treinamento", exemplifica Mota.

Alternativas

Diante da lentidão da obra, a direção do Parque Nacional explica que estudou alternativas para minimizar os impactos no setor turístico.

No ano passado, as trilhas com acesso às cavernas e cachoeiras foram abertas, passando a contar, também, com opções para cadeirantes, pessoas com deficiência visual e ciclistas. Segundo os gestores, são ações úteis, mas que não suprem a lacuna deixava com a paralisação do bondinho.