Após demolições, Aurora planeja tombar prédios históricos

De olho na preservação da história inscrita em prédios públicos, como a Casa do Coronel Xavier, o município busca o tombamento como alternativa de proteção às suas próprias raízes, após duas importantes perdas

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@verdesmares.com.br
Legenda: Casarão do Coronel Xavier, erguido em 1831, foi a primeira casa de alvenaria do Município
Foto: Foto: Antônio Rodrigues

O cenário urbano de Aurora mudou nos últimos anos e, aos poucos, prédios centenários têm dado lugar a imóveis modernos ou até mesmo deixado de existir. O tombamento municipal surge como proposta de preservar a memória da cidade.

As estações ferroviárias da Sede e de Ingazeiras, além da antiga casa do agente ferroviário e do Casarão do Coronel Francisco Xavier de Souza, estão na lista de prioridades da Secretaria de Cultura e Turismo do Município, conforme o titular da pasta, José Cícero da Silva. O trabalho começou pelo Casarão, que foi erguido em 1831, antes mesmo da própria Igreja Matriz do Senhor Menino Deus, datada de 1937. "É o primeiro prédio de alvenaria de Aurora e também do Cariri oriental", explica Cícero sobre a importância.

Tido como o fundador do núcleo urbano da Cidade, o Coronel Xavier criou um prédio para mostrar seu poder e, também, ter uma bela visão do Rio Salgado. Porém, até o início desta década o imóvel corria risco de desabar. Em 2010, a Prefeitura comprou o Casarão por R$ 200 mil e restaurou o imóvel com verba de emenda parlamentar. Hoje, o espaço é um equipamento cultural utilizado em eventos e reúne importante acervo fotográfico que conta a história de Aurora.

A Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Ceará (Copac), ligada à Secretaria de Cultura do Ceará, esteve em Aurora a pedido da Prefeitura. Porém, a gestão municipal acredita que o processo será mais demorado e visitou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para discutir o tombamento de seus prédios.

Perdas

A Secretaria de Cultura e Turismo de Aurora ficou em alerta, sobretudo, após duas importantes perdas. A demolição da antiga cadeia municipal, que ainda mantinha o brasão do Império, e do escritório de venda do algodão. Os prédios foram transformados em terreno baldio e uma casa moderna, respectivamente.

"Se não tomar providência do ponto de vista legal e na conscientização, destroem tudo. A população tá se renovando, mas isso não significa uma nova visão. A gente tem feito um trabalho de conscientizar sobre preservar sua história. Os donos dos imóveis ainda têm essa consciência, algo que a gente não vê nos futuros herdeiros", avalia Cícero.

Novos usos

Para evitar novas perdas, os espaços que pleiteiam o tombamento estão sendo ocupados com atividades culturais. Além do Casarão do Coronel Xavier, os prédios da antiga estação ferroviária, inaugurada em 7 de setembro de 1920, abrigam a Biblioteca Pública Municipal e uma escola de música. O primeiro equipamento, que conta com um acervo de mais de 10 mil títulos, foi trazido de um bairro mais distante para a edificação histórica em 2009.

Já a casa do primeiro agente ferroviário, onde o escritor Jader de Carvalho viveu parte da infância, se tornou a sede da própria Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Além dela, a pasta planeja incorporar a estação ferroviária do distrito de Ingazeiras, mas, por conta da burocracia, ainda não conseguiu a concessão definitiva do prédio.

"Fizemos os últimos passos da concessão, mas parou tudo com a troca de Governo. Mas estamos esperançosos", justifica o secretário responsável pelo conservação do patrimônio.