Algodão agroecológico é alternativa de cultivo

Escrito por Redação ,
Legenda:
Foto:
Produtores, compradores e organizações discutem os benefícios do cultivo do algodão diferenciado

Quixadá.
Pequenos produtores rurais, compradores, representantes de organizações não governamentais e técnicos de órgãos oficiais participam neste Município do IV Seminário do Algodão Agroecológico do Semiárido. Além de representantes de todas as regiões do Ceará, comitivas da Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte discutem até amanhã sobre mercado e qualidade, comércio justo e certificação orgânica do produto natural fibroso.

Na oportunidade serão apresentadas propostas de monitoramento dos transgênicos. O cultivo das matrizes vegetais modificadas geneticamente em laboratório é considerado pela Rede do Algodão Agroecológico do Semiárido uma ameaça ambiental e de contaminação das culturas de plantio em sistemas naturais sustentáveis. Neles não há utilização de agrotóxicos, adubos químicos ou outros insumos prejudiciais à saúde humana. Esse processo é conhecido popularmente como agroecologia.

Segundo o engenheiro agrônomo do Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria, Pedro Jorge Lima, membro da Rede Agroecológica e um dos articuladores do encontro, a cada ano esse grupo se fortalece. Na primeira edição, na localidade de Lagoa Seca, na Paraíba, pouco mais de 300 produtores rurais apostavam no cultivo consorciado com a cotonicultura diferenciada. Hoje, 1.350 deles estão espalhados pelo Nordeste.

Embora este ano o inverno não tenha atendido às expectativas, a produção foi bem abaixo do esperado. A tendência é continuarem apostando na alternativa assessorada pelo Esplar, no País há mais de 15 anos. Ao fazer essas considerações, o engenheiro agrônomo da Embrapa, Melchior da Silva, cita como exemplo a praga do bicudo. "Foi mais um mito criado pelos controladores do mercado de que é um grande mal à produção".

O agricultor José Sinésio da Silva concorda com o técnico. Os produtores estão perdendo o medo do besouro nocivo às lavouras de algodão. Ele confessa ter abandonado a monocultura quando o bicudo começou a atacar sua terra natal, a Paraíba, no início da década de 1980. Foi necessário mais uma década para conhecer e passar a confiar na proposta do Esplar. Em 2004 conheceu a agroecologia. No princípio não confiava, mas os resultados vieram após o primeiro plantio. Colheu menos e lucrou mais. Antes vendia o quilo a R$ 0,80. A mudança de manejo passou a lhe render mais R$ 4,00 por cada quilo.

Políticas Ecológicas

"A resposta para a valorização das plumas naturais está nas políticas ecológicas e sociais aplicadas pelas empresas interessadas no comércio justo", explica a representante comercial da Veja Fair Trade, Aurélie Dumont. Ela veio da França para participar do seminário. A sua empresa e outras duas, a Tudo Bom? e a EnVão, com sede naquele País da Europa, comercializam produtos criados nesses contextos. Conquistaram uma clientela especial na Europa. A tendência é expandir ainda mais. Um par do tênis de algodão especial, lançado em 2005, custa em média 80 euros. Quem compra diz ficar satisfeito. A produção conta com matéria-prima do Ceará, Amazônia e Rio Grande do Sul.

Amanhã, no encerramento do evento, deverá ser feita a apresentação do plano estratégico da Rede para 2011/2013.

Consciëncia

"Na Europa os consumidores estão se tornando cada vez mais consciente"

Aurélie Dumont
Representante comercial

"Não entendo muito de comércio justo, mas para mim não surgiu coisa melhor"

José Sinésio da Silva
Produtor rural

MAIS INFORMAÇÕES

Rede de Algodão Agroecológico Ceará
(85) 3252.2410

redealgodaoagroecologico@gmail.com

ALEX PIMENTEL
COLABORADOR