Agricultores enfrentam dificuldades

Escrito por Redação ,
Legenda:
Foto: Antônio Vicelmo
Crato (Sucursal) — O excesso de chuvas está prejudicando a lavoura. Muitos plantios forram soterrados, arrastados ou inundados pelas enchentes dos diversos riachos que cortam o Cariri. Agora, os agricultores estão enfrentando outro problema: é o encharcamento das terras, que impossibilita a aração para o replantio. Quem insiste em trabalhar com tratores em terrenos de areia, ou massapê, corre o risco de ficar atolado.

Foi o que ocorreu com o tratorista José Luiz , conhecido por “Dedé”, residente na zona rural de Missão Velha. Seu trator passou mais de duas horas atolados. Só saiu puxado por outro trator. Dedé diz que estas cenas estão se tornando freqüentes na região. “Quando a gente se recusa a fazer uma aração em determinado local, o proprietário pensa que é má vontade”, lamenta, acrescentando que, em razão das exigências dos proprietários rurais, que querem arar suas terras a todo custo, o prejuízo é muito maior.

Com estes problemas, os produtores estão antevendo uma queda acentuada na safra deste ano. Em Crato, foram registrados 615 milímetros de chuvas somente no mês de janeiro. Foram cerca de 23 dias de chuvas ininterruptas. Quando não chovia durante o dia, chovia à noite. Ontem, voltou a chover na região. Em Crato, segundo a Ematerce, foram 80 milímetros.

Na Vila do Granjeiro, a cinco quilômetros da cidade, a enchente derrubou muros e casas. No Sítio Bréia, a 25 quilômetros da sede, uma casa caiu por cima do agricultor Adail José Lúcio de Brito, que se encontra internado no Hospital São Francisco, com suspeita de traumatismo na cabeça. Outra casa caiu na Rua Duque de Caxias, deixando 14 pessoas desabrigadas. A família amanheceu o dia sobre os escombros da casa, esperando a ajuda da Secretaria de Ação Social da Prefeitura.

O prefeito Walter Peixoto decretou estado de calamidade pública no Crato. A Secretaria de Ação Social calcula que 200 pessoas estão desabrigadas, em conseqüência do desabamento de suas casas. Sem recursos para atender as vítimas, a Prefeitura está solicitando a colaboração da comunidade com a doação de alimentos e agasalhos. Os desabrigados, segundo a secretária Joana Pedrosa, estão sendo espalhados em casas de parentes, entendidas comunitárias e escolas.

A Secretaria está fazendo o levantamento dos prejuízos causados pela enchente do Rio Granjeiro, que inundou escritórios, casas comerciais e residenciais e destruiu cerca de 200 metros quadrados do canal. O asfalto está arrancado em diversos pontos , as ruas estão cobertas de lama. Uma granja com 2.500 pintos , localizada na Avenida José Alves de Figueiredo, foi destruída pelo represamento das águas do canal do rio Granjeiro.

JARDIM — Ontem, mais uma cidade foi inundada. A chuva que desabou no pé da serrado Jardim, desceu de serra abaixo, arrastando animais e destruindo casas. Os muros do cemitério e da Delegacia de Polícia caíram. Quatro casas desabaram, enquanto 20 estão rachadas. Quatro açudes arrombaram. A água está descendo no Rio Jardim em direção a Jati. O chefe de gabinete do Prefeito Fernando Luz, Odailton Carlos Alencar, informou que possivelmente a ponte de Jati, na BR-116, será interditada. Os prejuízos são incalculáveis.

A tromba dágua destruiu três pontes e alagou casas comerciais e residenciais de Jardim, danificando móveis e eletrodomésticos . O prefeito, decretou estado de calamidade pública. O clima é de apreensão na cidade e na zona rural. As estradas dos distritos estão intransitáveis.

Ontem, ao meio-dia , o Rio Cariús invadiu a cidade de Farias Brito. Até a casa do prefeito Vandevelder Francelino, foi alagada. A estrada que dá acesso a Assaré foi cortada, em conseqüência do arrombamento de um açude de pequeno porte.