Agricultores de Jucás apostam no cultivo da palma forrageira

Em meio à crise de escassez de água, a saída é o uso de tecnologias modernas, como o gotejamento

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: Como parte do programa de incentivo ao cultivo da palma, os agricultores recebem orientação técnica sobre manejo da cultura e as raquetes
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Jucás. Criadores deste município, localizado na região Centro-Sul do Ceará, participam de um programa de incentivo ao plantio da palma forrageira, que é uma cactácea, fonte alternativa de alimentação para o rebanho bovino. O governo do Estado e a secretaria de Agricultura do Município desenvolvem em parceria a ação de apoio aos produtores rurais.

Os agricultores recebem orientação técnica sobre manejo da cultura e as raquetes da planta. Em relação a 2017, neste ano, o cultivo aumentou em mais de 50%. Naquele ano, foram distribuídas 49 mil raquetes. Em 2018, foram mais de 75 mil. Os produtores rurais que aderiram ao programa triplicaram a produção de raquetes, isso graças ao uso de novas tecnologias, através do preparo de terra e sistema irrigado por gotejamento.

Gotejamento

Em meio à crise de escassez de água no Estado, a saída é o uso de tecnologia modernas de irrigação, como o gotejamento. No sítio Santo Agostinho, na propriedade do produtor rural Antônio Erlânio Bezerra, o verde do plantio das palmas contrasta com a vegetação amarelada da região, típica da época de pós estação chuvosa.

Bezerra é um dos beneficiados com a distribuição das raquetes. "O plantio foi feito em novembro do ano passado e estou satisfeito com o bom desenvolvimento da palma", pontuou. "Fiquei surpreso, não sabia que era tão bom assim". O agricultor morou mais de 15 anos no Rio de Janeiro e resolveu voltar para a terra natal, onde dquiriu novas áreas de plantio.

Dificuldades

Por conta da seca, os criadores no sertão cearense enfrentam ao longo dos anos muitas dificuldades para alimentar os animais. "Neste ano, as chuvas foram um pouco melhores e com o plantio da palma estamos mais esperançosos e confiantes", disse. "A ração de soja e de milho está com preço elevado e com a implantação dessa unidade de palma, esperamos ter mais benefícios".

Nos últimos três anos, os criadores de gado de leite vêm apostando no cultivo da palma forrageira como alternativa de alimentação para o rebanho.

A planta é considerada uma das melhores opções de convivência com a seca. Através do programa de distribuição de raquetes, a ideia é difundir o seu uso pelo sertão.

Rejeição

"Apesar de ser uma planta bem conhecida do Semiárido nordestino, ainda há rejeição para se fazer o seu cultivo por parte de muitos produtores rurais cearenses", observa o coordenador de Pecuária da Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Jucás, Iranildo Brasil.

"Em Pernambuco e outros estados da região Nordeste, o cultivo da palma é mais ampliado e, em alguns casos, a cactácea é até utilizada para alimentação humana, pois é uma planta muito rica em água e nutrientes".

Raquetes

A partir do incentivo e orientação que são proporcionados pelo Governo do Estado, o quadro começa se modificar no sertão cearense e, nos municípios com maior umidade, o seu cultivo está em franca expansão. Somente na área pertencente ao produtor rural Erlânio Bezerra foram distribuídas mais de 49 mil raquetes de palma da espécie orelha de elefante.

Há várias áreas de plantio em todas as regiões da zona rural do Município, que apresentam boa produtividade e sem o ataque da cochonilha do carmim. A expectativa é que as plantas produzam bem. Para uma área de meio hectare, irrigada, espera-se a produção de 300 mil raquetes.

O programa de incentivo ao cultivo da palma forrageira ocorre por meio do uso racional de água. A opção mais utilizada é o sistema de irrigação por gotejamento. Na maioria das vezes, aproveita-se poços já existentes nas propriedades rurais.

A palma forrageira requer pouca água para ser produzida: somente cinco litros por metro linear e a cada 15 dias, o que acaba facilitando também seu manejo. A palma é uma planta de origem mexicana, tem cultivo perene, depois de semeada, tem uma vida econômica bastante longa. A cactácea também possui componentes ricos em nutrição e principalmente em água.

Investimento

O criador Antônio Erlânio investiu cerca de R$ 7 mil de recursos próprios desde o preparo da terra, mão-de-obra e a instalação do sistema de irrigação. A palma forrageira plantada na área foi em fileira dupla, no sistema adensado, com plantas mais próximas. Outra área na mesma propriedade já está preparada e logo deve ser aumentado o plantio. "No final de agosto já devemos iniciar um novo cultivo, aproveitando raquetes dessa área plantada", pontuou.