ACB dissemina projetos agroflorestais

Escrito por Redação ,
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Foto: Antônio Vicelmo

Os projetos de agroflorestas desenvolvidos no Cariri são acompanhados pela Associação Cristã de Base (ACB). A entidade busca disseminar o modelo de desenvolvimento sustentável. O assessor técnico da ACB, agrônomo Jorge Pinto, explica que o paradigma é aquele capaz de atender as necessidades atuais, sem prejuízo para as gerações futuras. E adverte: “Apoiada em monocultivos ocupando grandes extensões contínuas de terra e no uso exagerado de agrotóxicos, adubos industrializados e máquinas pesadas, a agricultura moderna, de um modo geral, não é sustentável a longo prazo, nem do ponto de vista ecológico, nem do econômico. Ela está causando uma forte redução das atividades biológicas presentes no solo, com a erosão de uma progressiva acidificação e compactação da terra”.

Uma das maiores vantagens das agroflorestas é precisamente, sua capacidade de manter bons níveis de produção a longo prazo e de melhorar a produtividade de forma sustentável. Essa vantagem deve-se, principalmente, ao fato de que muitas árvores e arbustos têm, entre outras funções, a de adubar, proteger e conservar o solo. As agroflorestas são quase sempre manejadas sem aplicação de agrotóxicos ou requerem quantidades mínimas dessas substâncias químicas. Os efeitos negativos sobre o meio ambiente são, portanto, mínimos. Outro aspecto importante é que a associação de árvores e arbustos, nas culturas agrícolas e nas pastagens, contribui para a conservação dos rios e outros cursos dágua.

Os modelos de agricultura intensiva hoje em uso no Cariri como o monocultivo da cana de açúcar e a produção de frutas exigem a aplicação de grande quantidade de produtos químicos. O uso generalizado e exagerado de produtos químicos — como vários agrotóxicos e adubos industrializados — pode envenenar as fontes locais de água potável e, por outro lado, matar muitas espécies de microorganismos benéficos que vivem no solo. Estes microorganismos (fungos, bactérias e ácaros) preenchem um papel importante na manutenção da capacidade produtiva das terras utilizadas na agricultura.

Outro exemplo de agricultura não sustentável, segundo Jorge Pinto, é a pecuária extensiva. A formação de pastagens exige a destruição de grandes extensões de floresta nativa. Depois de alguns anos, especialmente em áreas de solos pobres e sujeitos à erosão, as pastagens se tornam improdutivas. Os resultados não poderiam ser piores: degradação dos solos, assoreamento de rios e igarapés e destruição de novas áreas de floresta nativa com toda a riqueza de recursos úteis para o homem. Infelizmente, os agricultores, principalmente os grande produtores , ainda não se conscientizaram da importância da agroflorestas, lamenta Jorge Pinto, mostrando as queimadas que, nesta época do ano, cobrem de fumaça a encosta da serra do Araripe.

Antônio Vicelmo
Sucursal Crato