513 famílias são evacuadas dos arredores de barragem em Ubajara

Medida para a retirada de moradores, às margens do leito do Rio Jaburu, foi tomada após orientação da Agência Nacional de Águas (ANA) e realizada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Corpo de Bombeiros

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@diariodonordeste.com.br
Legenda: A parede do sangradouro do Açude Luiz Carlos também se encontra em estado preocupante
Foto: Foto: Divulgação

Com as chuvas fortes no Ceará, nos últimos dias, a realidade de diversos reservatórios pelo Estado foi a mesma: de preocupação. Em Ubajara, a manutenção precária do Açude Granjeiro resultou em um processo de evacuação de cerca de 3.200 moradores das proximidades da barragem durante o fim de semana. Segundo o secretário de Ação Social do Município, Jairo Araújo, a medida foi tomada para evitar possíveis desastres, caso um rompimento ocorra.

Não muito diferente, em Pacajus, por exemplo, a parede do sangradouro do Açude Luiz Carlos também se encontra em estado preocupante. Construído há mais de 40 anos, tem rachaduras e infiltrações. No local, blocos e pedras foram instalados na tentativa de reforçar a segurança. Enquanto isso, pelo menos outros três açudes em solo cearense foram contabilizados na categoria de estado de risco.

Mais reservatórios

Atualmente, de acordo com informações do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 17 reservatórios cearenses se encontram 100% cheios ou acima da capacidade prevista. Destes, 13 estão com volume superior.

São eles: Acaraú Mirim, em Massapê; São José I, em Boa Viagem; Diamantino II, em Marco; Itaúna, em Granja; Gangorra, em Granja; Tucunduba, em Senador Sá; Gameleira, em Itapipoca; Batente, em Ocara; Cauhipe, em Caucaia; Cocó, em Fortaleza; Germinal, em Palmácia; Maranguapinho, em Maranguape; e Tijuquinha, em Baturité.

Na cidade cearense de Ubajara, mesmo com as medidas tomadas, o processo de retirada das famílias se fez necessário por conta do risco iminente. No entanto, o processo não parece ter sido fácil desde o início. "Houve uma resistência grande desses moradores e saímos com assistentes sociais, psicólogos e líderes comunitárias para tentar convencer essas pessoas do risco que se corre caso essa barragem venha a romper", explicou o secretário de Ação Social, Jairo Araújo.

No fim da tarde de domingo (17), cerca de 30% das famílias moradoras das proximidades da região ainda se encontravam em áreas de risco. Enquanto algumas delas foram encaminhadas para residências de familiares, 42 pessoas foram abrigadas no Santuário da Mãe Rainha, situado no bairro São Sebastião, onde começaram a receber assistência. O espaço, inclusive, começou a receber doações com o objetivo de manter os que foram alocados.

"Temos a necessidade de fazer a remoção das pessoas que estão à jusante do rio. O risco de rompimento é mínimo, mas existe, e não podemos trabalhar com nenhuma possibilidade de risco, por isso estamos fazendo esse trabalho que é altamente preventivo", disse Renê Vasconcelos, prefeito da cidade de Ubajara. Segundo ele, a medida é temporária, visto que os moradores devem poder retornar após a manutenção adequada e uma análise concreta de que a situação de risco está eliminada, e a segurança é total.

Orientação

A decisão de iniciar o processo de retirada partiu da Agência Nacional de Águas (ANA) e começou a ser colocado em prática pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Corpo de Bombeiros (Cedec/CBMCE), ainda na noite de sábado (16), em conjunto com a Prefeitura Municipal de Ubajara e com órgãos municipais de Defesa Civil. Nesse meio tempo, obras para a construção de um novo sangradouro estão sendo realizadas no açude e devem ser finalizadas entre a segunda-feira (18) e terça-feira (19), garantiu o prefeito da cidade de Ubajara.

"A gente teve uma reunião de contingência com todos esses órgãos envolvidos, montamos um gabinete de crise e passamos a noite toda analisando a situação. Nós sabemos que cada segundo pode ser imprescindível na vida das pessoas, mas, na tarde de domingo, já estávamos com a barragem relativamente estável", comentou o prefeito.

Ainda de acordo com Renê Vasconcelos, as ações na localidade foram iniciadas no meio da semana e, durante três dias, sacos de areia já haviam sido usados de forma emergencial para impossibilitar algum tipo de desabamento. "Tivemos a presença de mais de 10 engenheiros e todos eles foram unânimes ao falar que essa medida foi essencial para possibilitar o salvamento da barragem".

Embargo da ANA

Diante da situação em Ubajara, a Agência Nacional de Águas decretou o embargo provisório da barragem Granjeiro. Administrada pela empresa Agroserra Companhia Agroindustrial Serra da Ibiapaba, a barragem não poderá ser operada "até que seja garantida a segurança da estrutura e sejam atendidas todas as exigências cobradas pela ANA", segundo o órgão informou em comunicado oficial.

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