Votação da reforma da Previdência expõe necessidade de nova agenda na Câmara

Para líderes partidários, o Governo tem a missão, agora, após a aprovação da reforma da Previdência, de impor novas medidas econômicas, que ajudem a retomar a economia brasileira em curto prazo, principalmente o emprego

Escrito por Redação ,
Legenda: Deputados têm feito coro à avaliação de Rodrigo Maia sobre o "protagonismo" da Câmara na reforma
Foto: Foto: Agência Câmara

Se por um lado, a votação da reforma da Previdência, na semana passada - aprovada com folga no plenário da Câmara Federal por 379 votos a favor e 131 contra -, foi marcada pela ausência de grandes manifestações contrárias nas ruas, por outro lado, provoca cobranças no Congresso por uma agenda pós-reforma.

No último dia 9, pesquisa Datafolha mostrou que a reforma deixou de ser rejeitada pela maioria dos brasileiros. A fatia dos que se opõem às mudanças nas aposentadorias e pensões caiu de 51% para 44% entre abril e julho deste ano.

Além do apoio popular, a queda de receita dos sindicatos, com o fim do imposto sindical, é apontada por lideranças como uma das causas da baixa mobilização contra a reforma da Previdência enquanto deputados votavam a proposta do Governo na semana passada - diferente do que foi visto nos governos FHC (PSDB) e Lula (PT), durante votações de outras mudanças na aposentadoria.

O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), dirigente da Força Sindical, disse que foi difícil fazer um protesto contrário em razão da falta de dinheiro. O esvaziamento dos cofres também foi apontado como empecilho por líderes petistas e pessoas ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Apesar de mais tímidos do que os protestos do passado, os sindicatos marcaram presença. Na última quarta-feira (10), um pequeno grupo fez um protesto em uma das entradas da Câmara. As portas foram fechadas e houve um princípio de confusão. Na última sexta-feira (12), um grupo convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) fechou a Esplanada dos Ministérios.

Pós-reforma

Durante a semana, a maior pressão veio das corporações. Grupos de policiais federais, civis, militares, além de guardas municipais, lotaram os corredores da Câmara.

Enquanto nas ruas as cobranças foram feitas pontualmente, por alguns setores, no Congresso, a expectativa de lideranças partidárias é por uma agenda pós-reforma. Para muitos parlamentares, a mudança na Previdência deve ser seguida por mudanças nos impostos e outros projetos.

O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) avalia que ainda não há muito motivo para comemoração. "A festa tem que ser na retomada do emprego e no crescimento econômico", afirmou, defendendo uma reforma tributária.

O líder do Podemos na Câmara, deputado José Nelto (GO), disse que vai reivindicar novas ações do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Vou cobrá-lo para apresentar uma agenda positiva para a Nação, abrindo o capital e gerando riqueza e renda".

Para o relator da proposta na Comissão Especial, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), o texto é apenas um alicerce para as ações do Governo. "Temos ainda uma caminhada, a votação em segundo turno, mas, a partir dali, é com o Governo, que terá de entregar suas promessas", pontuou.

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