Vice-presidente prega cautela política durante semana tensa

Hamilton Mourão diz que filhos do presidente irão se adaptar ao Governo

Escrito por Redação ,

O vice-presidente Hamilton Mourão tornou-se a voz da moderação na semana mais tensa do Governo Bolsonaro, marcada pela demissão do ministro Gustavo Bebianno. Para o general da reserva, de 65 anos, o momento é de adaptação. Depois da crise, Mourão e outros membros do Governo pediram que os filhos do presidente não interferissem tanto nas áreas do governo.

"A família do presidente é uma família muito unida. Os filhos são pessoas bem-sucedidas porque ele tem três filhos que concorreram a cargos eletivos e foram eleitos com votação expressiva. Eu acho que agora vai chegar o momento no qual cada um vai entender o tamanho da cadeira dele. A cadeira de deputado federal é uma, a cadeira de senador é outra e a cadeira de vereador é outra. Eu vejo isso com naturalidade. É uma concertação que vai acontecer naturalmente", disse Mourão.

Questionado sobre as lições dos episódios que atrapalharam o Governo, por exemplo a crise com Bebianno, exonerado depois de ter sido chamado de mentiroso pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o vice-presidente respondeu: "A gente tem que ser mais cuidadoso na nossa segurança orgânica. E também a gente tem que aprender a não reagir tanto com o fígado, reagir mais com a razão".

Mourão também não se mostra tão apegado à pauta de costumes que notabilizou a campanha de Bolsonaro. "A agenda conservadora vai buscar seu espaço de acordo com as necessidades do momento. Eu tenho dito que um País com 13 milhões de desempregados, uma necessidade premente de investimentos na nossa infraestrutura, uma economia que passou por uma recessão de dois anos, com déficit fiscal, com problemas na Segurança Pública... Acho que a gente tem que combater isso aí primeiro, e a agenda conservadora vai avançar paulatinamente", opina.

Sobre os oito dos 22 ministros do Governo serem militares, Mourão discorda da avaliação de que existe uma ala militar dentro do Governo. "Essa é uma interpretação errônea. As Forças Armadas estão cumprindo a função constitucional que elas têm".

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