Vereadores discutem desafios diante de mudanças eleitorais para 2020

O fim das coligações proporcionais nas eleições do ano que vem foi um dos temas tratados, ontem, no Encontro Nacional de Legislativos Municipais, que ocorre em Fortaleza com foco em qualificação para o exercício da função

Escrito por Luana Barros , luana.barros@verdesmares.com.br
Legenda: O ex-governador Ciro Gomes proferiu, ontem, a palestra magna do evento
Foto: Foto: José Leomar

Com a aproximação do período eleitoral, vereadores se preparam para lidar com mudanças na disputa por vagas nas câmaras municipais em 2020, principalmente no que diz respeito ao fim das coligações proporcionais. Este foi um dos temas debatidos, ontem, no Encontro Nacional de Legislativos Municipais, que ocorre em Fortaleza. A capacitação e a qualificação de vereadores e vereadoras é foco do evento, que também discutiu o fortalecimento do papel do vereador como ente fiscalizador.

"A nossa missão é que os vereadores aprendam, se capacitem e voltem para as suas câmaras com a cabeça melhor, com atitudes melhores, com ações melhores, exercendo melhor o seus mandatos", afirmou o presidente da União de Vereadores e Câmaras do Ceará (UVC) e vereador de Tejuçuoca, Guto Mota (PSD). Parceria entre a UVC e a União de Vereadores do Brasil (UVB), o encontro ocorre pela segunda vez em Fortaleza - a primeira foi em 2015 - e reúne, desde a última quarta-feira (25) até hoje (27), vereadores de mais de 127 municípios de 17 estados.

"O vereador tem que buscar cada vez mais conhecimento para fazer a diferença na sua Câmara Municipal. Nós fazemos as leis municipais e podemos alterar, mas se não tenho conhecimento, como vou mudar uma lei? Como vou melhorar a vida do meu cidadão? Acima de tudo, é fazer com que o vereador se sinta cada vez mais um agente político de transformação", apontou Gilson Conzatti, presidente da UVB e vereador de Itaí, no Rio Grande do Sul.

Vereador da cidade de Joaquim Gomes, no interior de Alagoas, Amilson Silva chegou ao evento com dúvidas envolvendo mudanças que devem ocorrer para as eleições do próximo ano, primeiro pleito no qual não será mais possível coligação para a disputa por vagas nas câmaras.

"O que preocupa é que, por exemplo, se um candidato tiver 700 votos e o quociente eleitoral for 1.000, mesmo sendo o mais votado, ele não irá se eleger, pois o partido não alcançou o quociente", cita. Para Silva, ainda é um mistério como as legendas devem se comportar em 2020. "É ruim porque os vereadores estão sendo usados como teste de prova para a eleição dos deputados estaduais e federais", considerou.

Perspectivas

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) realizou a palestra magna do evento sobre o cenário que espera tanto os atuais vereadores quanto os que pretendem chegar ao Legislativo no pleito de 2020. "Antes, todos os partidos podiam se organizar livremente. Agora, cada partido sozinho vai ter que fazer o quociente eleitoral. Isso muda a cultura em que, na coligação, o amigo do lado é adversário, porque você precisa dele", citou.

Ciro destacou ainda outros desafios que devem estar no horizonte da disputa. "A tentação do nosso povo em 2020 será o voto de protesto. E a tentação do protesto é despolitizada", afirma. O desvio do foco dos problemas da cidade para pautas mais abrangentes, como a de costumes, além da ampliação das fake news, também deve ser uma dificuldade, apontou. "A chave disso é puxar de novo o povo para o concreto", completou.

Uma das participantes do encontro, a vereadora Solange Baltazano, de Monsenhor Tabosa, no Ceará, ressaltou que a capacitação contribui para a fiscalização das ações do Executivo. "E não é fiscalizar para denegrir imagem ou apontar erros, mas sim para prevenir os abusos e os malefícios que traz a corrupção, porque se isso ocorrer nos municípios é porque ainda não estamos desempenhando bem a nossa função", sustentou.

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