Sob risco de CPI, operação Lava Jato busca apoio de Augusto Aras

Coordenador da força-tarefa da operação no MPF, Deltan Dallagnol iniciou um movimento interno de unidade em torno do nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro. Deputados protocolaram pedido de investigação da Operação

Escrito por Redação , politica@verdesmares.com.br
Legenda: A Procuradoria-Geral da República deve passar os próximos dois anos sob chefia de Augusto Aras
Foto: Foto: Antonio Augusto/PGR

Depois de criticar a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de escolher o novo procurador-geral da República fora da lista tríplice, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, defendeu, ontem, "trabalho conjunto" com Augusto Aras. A declaração ocorre um dia depois de deputados da oposição protocolarem na Câmara dos Deputados pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Lava Jato.

Em mensagem aos colegas na rede interna de procuradores, Deltan disse que "é hora de trabalhar pelo MPF (Ministério Público Federal)" e que a atuação da Lava Jato "depende de permanente coordenação entre instâncias", inclusive entre primeira e a PGR.

"É importante o trabalho conjunto para continuar expandindo as investigações para responsabilizar criminosos e recuperar recursos, dentro da nossa atribuição", escreveu o procurador.

Segundo Deltan, a ideia de composição com Augusto Aras também é defendida, por exemplo, pelo procurador Vladimir Aras, que concorria à lista tríplice com o apoio de Sergio Moro e é primo de Augusto. Eles são de grupos opostos na PGR. O coordenador também elogiou a formação da equipe de Aras.

Em meio à tentativa de fortalecimento da Operação, líderes da oposição conseguiram ontem as assinaturas suficientes para dar andamento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deve investigar a Lava Jato.

De autoria do deputado André Figueiredo (PDT), a matéria pretende investigar "a violação dos princípios constitucionais e do Estado Democrático de Direito, em razão da suposta articulação entre os membros da Procuradoria da República no Paraná e o então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba", após publicação de reportagens do site The Intercept sobre supostas irregularidades na condução das investigações por parte de procuradores.

A Comissão, até a noite de ontem, havia recebido o apoio de 175 deputados. São necessárias 171 assinaturas. Dos 22 cearenses na Câmara, 13 apoiaram a medida que só deverá ser oficializada com a decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Aliados do ministro da Justiça, Sergio Moro, tentaram barrar a instalação da CPI. Líder da bancada da bala, deputado Capitão Augusto (PL-SP), disse que tem telefonado para parlamentares pedindo para recuarem. De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa, porém, após a apresentação do requerimento de criação de uma CPI não é possível retirar a assinatura. Maia, procurado para comentar as divergências entre parlamentares, não se pronunciou ontem.

Últimas ações

Em uma das últimas medidas como procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu ao Supremo Tribunal Federal que suspenda portaria do ministro da Justiça, Sergio Moro, que prevê o impedimento da entrada, a repatriação e a deportação sumária de estrangeiros considerados perigosos ou suspeitos de praticar atos contra a Constituição.

A solicitação foi feita numa ação de descumprimento de preceito fundamental ajuizada por Dodge. Ela requer a suspensão da norma em caráter liminar e, após o julgamento de mérito, que ela seja declarada inconstitucional.

A portaria foi editada por Moro em julho e estabeleceu um rito sumário de expulsão. O conteúdo foi criticado por especialistas, que levantaram afronta à Lei de Migração.

Segundo o texto, cabe à autoridade migratória avaliar quem se enquadra nos critérios de periculosidade e de suspeição. A mudança nas regras foi publicada após as reportagens do jornalista americano Glenn Greenwald.

Cearenses que apoiaram pedido de investigação

  • André Figueiredo (PDT)
  • Aníbal Gomes (DEM)
  • Denis Bezerra (PSB)
  • Domingos Neto (PSD)
  • Eduardo Bismarck (PDT)
  • Idilvan Alencar (PDT)
  • José Airton (PT)
  • José Guimarães (PT)
  • Júnior Mano (PL)
  • Leônidas Cristino (PDT)
  • Luizianne Lins (PT)
  • Moses Rodrigues (MDB)
  • Robério Monteiro (PRB)
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