Sindicatos se reúnem nesta quinta para debater suspensão de reajuste no CE

Governo do Estado prometeu se reunir com os representantes dos servidores estaduais no segundo semestre

Escrito por Letícia Lima ,
Legenda: O Governo do Estado deve retomar negociações com servidores a partir de agosto
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Em meio à pressão de sindicatos, o Governo do Estado adiou para o segundo semestre decisão sobre reajuste salarial dos servidores públicos em 2019. Até lá, a reposição continuará suspensa. Líderes sindicais se reúnem nesta quinta-feira (6) para decidir se aceitam o prazo e fazem corpo a corpo com deputados estaduais para tentar reverter a medida.

O congelamento do salário dos servidores faz parte do pacote de ajuste fiscal anunciado pela equipe econômica do Governo na semana passada para diminuir gastos da máquina pública. A reposição salarial vai ser dada, pela inflação, apenas para aqueles que recebem um salário mínimo e para categorias que têm o piso regulamentado por lei federal, caso dos agentes de saúde e professores.

A medida provocou a reação de servidores. Um grupo acampou em frente ao Palácio da Abolição, nesta semana, e se mobilizou nas ruas para tentar uma negociação com o Governo do Estado. Na terça-feira (4), lideranças do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado (Fuaspec), que representa todas as categorias, foram recebidas pela gestão.

O secretário do Planejamento, Mauro Filho, prometeu sentar à mesa com os sindicatos, novamente, em agosto, mas não garantiu rever a suspensão do reajuste. "Foi uma proposta colocada pelo secretário Nelson Martins (assessor de Relações Institucionais), para ver o comportamento fiscal do Estado, receitas e despesas e, a partir de setembro, analisar o que poderia ser feito, ver a possibilidade de benefícios para os servidores, não necessariamente salariais, tipo vale-alimentação", citou.

Até lá, sustenta o secretário, o Estado não tem "margem" para aumentar a folha de pagamento. Ele justifica que o gasto com pessoal no Ceará, em 2018, aumentou 11%, além do cenário de instabilidade na economia brasileira.

O assessor de Relações Institucionais, Nelson Martins, ressalta que, "se as coisas melhorarem até lá", o governador Camilo Santana (PT) terá sensibilidade nessa questão. Por outro lado, afirma que o Estado já desembolsou R$ 1,2 bilhão com melhorias salariais para várias categorias.

Corpo a corpo

Segundo o coordenador-geral do Fuaspec, Pedro Queiroz, os líderes sindicais vão se reunir hoje para decidir se aceitam a proposta do Governo do Estado e aguardam por uma nova deliberação no segundo semestre. Na reunião com integrantes do Governo, ele advertiu que algumas categorias já sinalizam paralisação.

Além da pressão junto ao Governo, líderes sindicais têm feito corpo a corpo com deputados para tentar reverter a suspensão do reajuste. Ligado a grupos de servidores, principalmente da Saúde, Carlos Felipe (PCdoB) relata que as categorias foram "sensatas", mas estão no limite. "Há uma expectativa do Governo de melhorar a arrecadação, mas acredito que, em agosto, eles esperam uma solução".

Líder do Governo na Assembleia Legislativa, o deputado Júlio César Filho (Cidadania) diz que tem recebido muitas categorias. Entretanto, de acordo com ele, a resposta, até o momento, é a mesma.

"O Governo ainda espera como vai se comportar a economia para saber se pode ou não dar um reajuste geral para os servidores, como vem fazendo ano a ano. Nesse momento, não será possível. O Governo está esperando como vai se comportar a economia".

Para o opositor Soldado Noélio (Pros), o congelamento salarial dos servidores é consequência de má gestão. "Os servidores estão amargando perdas de mais de 20% de salário. Dentro desse momento de crise, estamos cobrando para todos, mas, na hora da prioridade, o Governo esqueceu quem segurou toda a crise no Estado, no início do ano, que foram os profissionais de Segurança Pública", cobrou.

Ajuste fiscal
Corte de até 10% das despesas de custeio do Governo do Estado;
- Suspensão temporária de concursos públicos, além da homologação e convocação de aprovados;
- Suspensão de reajuste salarial para servidores em geral.

Servidores
Diante do ajuste fiscal, segundo o coordenador-geral da Fuaspec, Pedro Queiroz, sindicatos que compõem a entidade sinalizam adesão a uma mobilização nacional marcada para o dia 14 de junho.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.