Sem Segurança, Moro corre risco de ter superministério esvaziado

Jair Bolsonaro confirma estudos para separar Justiça e Segurança Pública da Pasta comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, apontado como nome forte para disputa presidencial de 2022 e desgastado após vazamento de mensagens

Escrito por Redação , politica@svm.com.br
Legenda: Sérgio Moro tem entrado em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro
Foto: Doto: STF

Após ver seu nome envolvido em uma série de mensagens particulares vazadas pelo site Intercept Brasil, causando constrangimento ao Governo Bolsonaro e dúvidas sobre sua imparcialidade na época de juiz da Lava Jato, o ministro Sérgio Moro corre o risco de perder poder na Esplanada dos Ministérios, em um momento em que é apontado como um nome forte para concorrer à Presidência em 2022.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que estuda a recriação do Ministério da Segurança Pública, como havia prometido para secretários estaduais da área, mesmo admitindo que o ministro da Justiça “deve ser” contrário à ideia. A recriação da Pasta enfraqueceria o “superministério” de Moro, que atualmente também é responsável pelas políticas de segurança.

Secretários de 16 estados levaram a Bolsonaro, na última quarta-feira, uma lista de reivindicações, que inclui a recriação do Ministério da Segurança, que existiu durante a maior parte de 2018, no Governo de Michel Temer.

Ontem, Bolsonaro afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e membros da Comissão de Segurança Pública da Câmara também são favoráveis.

“É comum receber demanda de toda a sociedade. E ontem, eles (secretários) pediram para mim a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança. Isso é estudado. Estudado com Moro. Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros. O Rodrigo Maia é favorável à criação da Segurança. Acredito que a Comissão de Segurança Pública (da Câmara), como trabalhou ano passado, também seja favorável. Temos que ver como se comporta esse setor da sociedade para melhor decidir”, disse o presidente, ao deixar o Alvorada.

Permanência

Bolsonaro afirmou que, caso haja de fato a recriação da Pasta, Moro permanecerá no Ministério da Justiça. 

“Se for criado, aí ele fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança”, disse o presidente.

Uma das principais bandeiras de Moro à frente do Ministério é o programa “Em Frente, Brasil”, uma iniciativa de segurança pública que teve um programa piloto em cinco municípios. A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) também é responsável pelo Banco Nacional de Perfis Genéticos, cujo fortalecimento é outra iniciativa propagandeada por Moro.

Também ontem, o Conselho Nacional de Secretários de Estado da Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária (Consej) se posicionou contra a recriação da Pasta. A entidade divulgou uma nota em que classifica uma possível separação da Pasta da Justiça e Segurança Pública como "inoportuna”.

Movimentos

Parte da estratégia que elegeu Bolsonaro presidente da República em 2018, movimentos de rua alinhados à direita política têm demonstrado insatisfação com a possibilidade de recriação do Ministério da Segurança Pública.

Nas redes sociais, os movimentos Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL), e Nas Ruas aderiram à campanha #SegurançaComMoro. Com níveis diferentes de adesão ao Governo, os grupos abordaram de diferentes formas a situação que opõe Moro e Bolsonaro.

Para o MBL, mais crítico do Governo, “Bolsonaro mente para Moro e para o Brasil” e leva adiante uma ideia “bizarra”. O Vem Pra Rua adotou tom mais comedido em relação a Bolsonaro e focou no presidente da Câmara: “finalmente, os crimes caíram em todos os estados do Brasil. Por que Rodrigo Maia quer retirar a Segurança Pública de Moro?”, publicou o movimento em sua página no Facebook.

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