Segurança é discutida desde 2000

Moroni, como policial federal, colocou o tema na sucessão em Fortaleza desde a sua primeira disputa

Escrito por Edison Silva - Editor de Política ,
Legenda: O deputado federal Moroni Torgan foi quem introduziu o tema Segurança nas campanhas municipais em Fortaleza, a partir do ano 2000
Foto: FOTO: FERNANDA SIEBRA

O Ibope perguntou a 805 eleitores, entre os dias 11 e 13 deste mês, o seguinte: "Independente da sua intenção de voto, na sua opinião, quem será o próximo Prefeito de Fortaleza?". 53% dos entrevistados disseram que será Roberto Cláudio (PDT), 24% apontaram o nome do Capitão Wagner (PR), 12% citaram Luizianne Lins (PT). Heitor Férrer conseguiu 2% e Ronaldo Martins (PRB) 1%. Os demais não foram citados.

Percentuais tão díspares em relação aos demais do restante da pesquisa, aqui publicada na última quinta-feira (15), quanto os da espontânea, estimulada ou mesmo das projeções para um provável segundo turno, indicam, por certo, que a quase totalidade dos candidatos à Prefeitura da Capital não conseguiu transmitir confiança sequer ao eleitorado com quem propriamente se identifica.

A Saúde, registra a pesquisa em questão, é o principal problema apontado pelo fortalezense. Depois dela, bem distante, vem a questão da Segurança, da Educação e outros. A Saúde e a Educação não estão sendo tratadas com a percuciência e clareza que permitam ao eleitor assimilar para acreditar no prometido, ficando, portanto, a dúvida quanto à capacidade do futuro prefeito de fazer as intervenções necessárias à melhoria desses serviços, e de outros, também significativos para a melhoria de vida da população. E como a Segurança é apelo fácil para qualquer um apontar soluções mirabolantes, ela tem ganho mais espaço na campanha.

Rendeu

Desde a eleição municipal de 2000, vencida por Juraci Magalhães, a questão da Segurança entrou como um dos temas centrais, apresentado por Moroni Torgan, o policial federal introduzido na política do Ceará após exercer o cargo de secretário de Segurança do Estado.

O tema rendeu para ele vários mandatos de deputado federal, inclusive o atual, e um de vice-governador. Infrutíferas, porém, foram as suas quatro tentativas de ser prefeito de Fortaleza com o discurso de Segurança, apesar de sempre ter sido bem votado, e em 2004 ter chegado ao segundo turno à frente de Luizianne Lins, com quase 50 mil votos. Em 2008, também, foi ele o segundo candidato mais votado, mas perdeu para a mesma Luizianne ainda no primeiro turno da eleição.

O discurso da Segurança é sempre impactante. Todos têm interesse em morar em um ambiente de paz e tranquilidade. Mas o cidadão tem mostrado querer muito mais da gestão pública e saber das limitações, legais e financeiras, do Município para prover ou não tal serviço.

Diferentemente da disputa estadual, quando essa questão se torna relevante, no pleito municipal, o mais próximo de todas as comunidades, transmite confiança ao cidadão o candidato que melhor expõe suas propostas para os serviços básicos de Saúde, da Educação, do transporte, da limpeza urbana e tantos outros exigidos no dia a dia.

Capitão Wagner, pela patente como Moroni tem a de policial federal, embora não tenha a mesma empatia e vigor na sua presença e fala, atrai para si as atenções e preferências dos mais preocupados com a insegurança, além do apoio dos companheiros de farda. E estranho, conseguiu levar para o centro do debate o seu tema preferido e razão dos mandatos de vereador e deputado estadual, conquistados nas duas últimas eleições.

Reciclarem

Mais esclarecido e cônscio dos seus direitos, o eleitor de hoje deixa muito menos se engabelar com o discurso fácil de tudo fazer sem explicar e comprovar como. Ele não quer mais ser enganado e a maioria dos candidatos não percebeu a necessidade de reciclar seus discursos.

Todos os atuais postulantes ao cargo de prefeito da Capital já disputaram várias outras eleições, inclusive de prefeito, no caso do deputado Heitor Férrer que está na sua quarta campanha para a Prefeitura da Capital. A mais bem-sucedida foi em 2012, quando chegou no terceiro lugar ao fim do primeiro turno. Com a mesma oratória, em 2016, persistindo no equívoco, poderá sair menor da disputa.

Luizianne Lins, que para muitos poderia ser a principal adversária do prefeito Roberto Cláudio, também ficou no passado. Entrou na disputa como fez em 2004. Por birra. Lá, os tempos eram outros e sua valentia venceu o comando nacional do partido e os adversários. Ela era o novo na campanha.

E na época os candidatos a cargos majoritários não utilizavam os modernos instrumentos de campanha, principalmente as pesquisas, para nortearem os seus passos. Se soubesse que no primeiro turno da eleição não era o atual prefeito, com todas as chances de ir para o segundo turno, teria se voltado para o trabalho de se firmar como a segunda força. A partir de ontem deu um novo norte à sua caminhada, mas o tempo está realmente muito curto.

Alteração

Os demais candidatos, com quase nenhuma chance, já quase bateram no teto. Hoje, suas preocupações devem se voltar para os próximos pleitos, pois correm o risco de saírem da disputa seriamente prejudicados para as pretensões futuras, principalmente aqueles cujo objetivo, desde o início, era o de tão-somente manterem seus nomes em evidência para facilitar a reeleição para os mandatos legislativos já conquistados, tanto na Assembleia quanto na Câmara Federal.

Mas, embora a poucos dias para o encerramento da campanha, ainda podem surgir alterações e mudar essa realidade apontada pela última pesquisa. Há exemplos vários de mudanças do quadro eleitoral nos instantes que antecedem o processo de votação, embora, sem dúvida, não parece ser muito fácil de acontecer sem uma alteração radical de como a maioria dos candidatos está se comportando.

Se, antes, apenas o candidato Roberto Cláudio estava norteando sua campanha com informações especiais de pesquisas próprias, especialmente as qualitativas, outros candidatos passaram a fazer suas pesquisas. Elas são fundamentais para subsidiar o trabalho das equipes, sobretudo as da comunicação, o melhor espaço que os políticos têm para a transmissão de suas ideias e propostas, sem esquecer as informações que essas pesquisas internas oferecem para o trabalho de rua de cada um dos postulantes, pois o contato pessoal ainda é, um dos mais importantes em qualquer das campanhas.

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