Reunião de Bolsonaro com partidos resulta em promessas de apoio

Presidente tentou convencer dirigentes partidários a integrar a base aliada do Governo

Escrito por Redação ,
Legenda: O encontro de Jair Bolsonaro com dirigentes partidários resultou em promessas de maior interlocução do Governo com o Congresso
Foto: Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro entrou, nesta quinta-feira, em uma rotina de encontros políticos para fortalecer sua base aliada no Congresso. O gesto é visto como crucial para melhorar as relações com os parlamentares e garantir vantagem nas futuras votações de matérias importantes, como a proposta de reforma da Previdência e o pacote de medidas de combate à corrupção e ao crime.

Depois de se reunir com presidentes e parlamentares de cinco partidos, o presidente usou as redes sociais para dizer que "nada se falou sobre cargos" durante as audiências, "ao contrário do que foi propalado por alguns". Segundo Bolsonaro, os encontros representam a união do Executivo e do Legislativo em razão da reforma da Previdência e ocorreram "em alto nível".

O presidente não mencionou quem divulgou que a distribuição de cargos seria tratada nas reuniões. Na quarta-feira, o vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que, caso as legendas concordassem com as propostas do Palácio do Planalto, poderiam ganhar espaço no Executivo, seja nos Estados ou em ministérios.

As reuniões começaram às 8h30, sempre com a presença do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Os primeiros recebidos foram o deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do PRB e vice-presidente da Câmara; o senador Mecias de Jesus (PRB-RR) e o deputado Silvio Costa Filho (PRB-PE). Depois de 50 minutos, entraram no gabinete de Bolsonaro o ex-ministro Gilberto Kassab, dirigente do PSD, os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Arolde de Oliveira (PSD-RJ) e os deputados André de Paula (PSD-PE), Diego Andrade (PSD-MG), Júlio César (PSD-PI) e Éder Mauro (PSD-PA).

Às 10h20, Bolsonaro e o ministro da Casa Civil receberam o presidente do PSDB e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) e o ex-deputado federal Marcus Pestana, secretário-geral do partido. Em seguida, o senador Ciro Nogueira, dirigente do PP, a senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), líder do PP no Senado Federal, e o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder da legenda na Câmara.

Na hora do almoço, o encontro foi com o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, e com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do mesmo partido. No fim da tarde, o presidente recebeu o ex-senador e ex-ministro Romero Jucá, do MDB.

DEM

O presidente nacional do DEM, ACM Neto, disse que a legenda pode vir a integrar a base do Governo, após ter saído de um almoço com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Ele explicou que o assunto será discutido na Executiva do partido.

O Democratas tem três ministros no Executivo, além de comandar a Câmara (Rodrigo Maia) e o Senado (Davi Alcolumbre) - onde conta, respectivamente, com 27 deputados e seis senadores. O prefeito de Salvador disse ainda não descartar que as bancadas demistas no Congresso "fechem questão" pela reforma da Previdência, a depender do texto que for colocado em votação.

Sobre a possível entrada do DEM na base, ele disse achar que há outras preocupações mais imediatas, como garantir "um bom ambiente" no Congresso, que passa não só pelo DEM, mas "pelo conjunto das duas Casas".

Os tucanos

Já o presidente do PSDB e ex-candidato a presidente, Geraldo Alckmin, afirmou que o partido mantém posição de independência em relação ao Governo. Ao deixar a reunião com o presidente, ele também disse que os tucanos apoiam a reforma da Previdência do Governo, mas com restrições.

"Não há nenhum tipo de troca, não participaremos do Governo", declarou. Ele também ponderou que o apoio dos tucanos à reforma ocorre num contexto de "justiça social".

Alckmin destacou como prioridade na reforma apenas as questões da idade mínima e do tempo de contribuição. O partido é contra outros pontos, segundo ele, como mudanças no Benefício de Prestação Continuada, pago para idosos e deficientes de baixa renda, e alterações propostas na aposentadoria rural. "Não aprovaremos nenhum benefício menor do que um salário mínimo", destacou.

Bolsonaro anunciou a intenção de criar uma espécie de conselho político para aproximar o Governo dos partidos e do Congresso. A estratégia inicial do presidente de usar as frentes parlamentares para conseguir apoio no Parlamento fracassou, e ele foi aconselhado a aceitar a distribuição de cargos, na volta da viagem a Israel, para aprovar a reforma da Previdência.

Líder do governo

A líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann, minimizou as declarações de presidentes dos partidos que, após a reunião com Bolsonaro, afirmaram que não vão compor a base aliada. A parlamentar afirmou que para a aprovação da reforma da Previdência vale o apoio até da oposição e disse que o Executivo terá tempo para, mais adiante, angariar parceiros no legislativo com outras pautas.

"Estamos com alguns poucos meses de Governo. Então, temos tempo de fazer o fechamento da base com outras questões. Temos que fazer duas contas. Uma que é a votação da nova Previdência. Ponto. E aí vale qualquer partido, com base ou não, e inclusive partidos de oposição", disse, ao chegar no Palácio do Planalto.

Segundo ela, a agenda de encontro com os presidentes das siglas acontecerão também na segunda e terça-feira da próxima semana.

"Eu e o ministro Onyx já estamos fazendo isso, mas é importante que o presidente também tenha aproximação com os líderes partidários. Líderes e presidentes são instâncias diferentes; por isso, vamos ouvir todos para que esse canal de comunicação seja automaticamente aberto", afirmou a parlamentar.

Ja o relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o deputado Marcelo Freitas (PSL-MG) afirmou que a proposta "com certeza" passará pela comissão. A CCJ analisa a admissibilidade da medida e é o primeiro passo da tramitação na Câmara. Se passar pela CCJ, o texto começará a ser analisado por uma comissão especial.

"Nós vamos passar na CCJ com certeza", afirmou o relator ao ser perguntado se o Governo tinha votos suficientes na Comissão.

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