PSL estuda punições a dissidentes que apoiam Bolsonaro

A possibilidade de os filiados deixarem o partido, caso o presidente abandone a legenda, passa a ser encarada pelo núcleo da sigla como fato, e sanções já começam a ser consideradas para punir eventuais "traidores"

Escrito por Redação , politica@verdesmares.com.br
Legenda: É na Câmara dos Deputados que o PSL prepara o contra-ataque a possíveis dissidentes
Foto: Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A Executiva Nacional do PSL deu a ordem para que os deputados "dissidentes", que ameaçaram deixar o partido junto ao presidente Jair Bolsonaro, sejam punidos na atuação parlamentar. Eles podem ser retirados de comissões e de cargos nas lideranças do partido na Câmara dos Deputados.

Estão em estudo punições contra Filipe Barros (PR) e Caroline de Toni (SC), por exemplo. Ambos da ala olavista, podem ter retirada sua titularidade na CPMI das Fake News. Barros também está ameaçado de perder o posto de presidente da Juventude Nacional do PSL. Luiz Philippe D'Orleans e Bragança (SP), Carlos Jordy (RJ), Bibo Nunes (RS) e Carla Zambelli (SP) são outros que estão na berlinda.

A deputada Alê Silva (MG), que já fez denúncias contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e também integra a dissidência do PSL composta nos últimos dias, foi avisada ontem de que não faz mais parte da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Em protesto, ela chamou o PSL de "nanico" que "só quer dinheiro".

Bivar mira especificamente na lista de 19 deputados que se reuniram com Jair Bolsonaro ontem e elaboraram uma "carta de apoio". No texto, eles negam a intenção de sair, mas se solidarizam com as declarações do presidente.

"O PSL não é a casa da mãe Joana. Esse pessoal que nunca fez política acha que isso é uma bagunça. Eles são metidos a ideológicos mas são os mais fisiológicos, porque querem cargos, emendas, indicações no Governo", diz o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP). O PSL quer mandar um recado de que não irá tolerar que deputados se pronunciem contra a linha do partido. O líder da sigla na Câmara, Delegado Waldir (GO), nega que vá punir os 19 deputados, mas trata Alê Silva como um caso à parte. "A Alê foi tirada porque estava descumprindo a orientação do partido", afirmou.

Apoio

Dos 53 deputados do PSL, poucos devem protagonizar um desembarque para outros partidos caso o presidente decida realmente abandonar a sigla. O presidente do partido, Luciano Bivar (PE), alocou aliados na chefia de diretórios estaduais e já prometeu a eles candidaturas nas principais prefeituras do País.

É o caso de Nelson Barbudo (MT), cotado para concorrer por Cuiabá, Delegado Pablo (AM), pré-candidato em Manaus, Julian Lemos (PB), garantido em João Pessoa. Se optarem por não concorrer, influenciarão a escolha de aliados como candidatos. Em São Paulo, a candidata de Bivar é Joice Hasselmann, contrariando desejo de Bolsonaro.

Os que querem sair enfrentam ainda outro problema. Na lei atual, deputados só podem mudar de partido seis meses antes das eleições gerais. Caso abandonem antes suas siglas, podem perder cargos em comissões, serem processados por infidelidade partidária e até terem o mandato cassado.

O deputado Felipe Francischini (PR), por exemplo, tem dois fatores que o mantém no partido. Seu pai, Fernando Francischini, é deputado estadual, se filiou ao PSL junto a Bolsonaro e deve concorrer à Prefeitura de Curitiba pelo partido no ano que vem. Além disso, Felipe é presidente da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por indicação do próprio Bivar. O desgaste gerado nos últimos dias escancarou disputas antigas pelo controle dos diretórios e pelas candidaturas a prefeito.

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