Previdência: Governo busca apoio do NE para 'avançar no texto sem perder voto', diz Joice Hasselmann

Em Fortaleza, a deputada pediu engajamento dos governadores da região para que estados e municípios sejam mantidos na reforma da Previdência. Joice também avaliou os primeiros seis meses da gestão do presidente Bolsonaro

Escrito por Letícia Lima ,
Legenda: 'Governo que não faz autocrítica tem um problema', diz a deputada ao defender o início do Governo Bolsonaro
Foto: Foto: Thigo Gadelha

De passagem por Fortaleza, a líder do Governo Bolsonaro no Congresso Nacional, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que o Planalto já tem os votos necessários para aprovação da reforma da Previdência na comissão especial e no plenário da Câmara dos Deputados. No momento, a preocupação do Governo, segundo ela, é sobre o texto que será levado para votação final.

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, ontem, antes de falar a membros da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) sobre reforma da Previdência, a parlamentar negou que o Governo tenha prometido liberar emendas parlamentares em troca de votos e disse que as nomeações - com critérios técnicos, conforme frisa - para cargos federais nos estados, inclusive no Ceará, estão disponíveis para parlamentares. Veja a entrevista:

Estados e municípios vão ficar de fora da proposta? O Governo pretende aprovar a reforma da Previdência na comissão especial nesta semana?

A orientação é para que não haja nenhum destaque, então estamos trabalhando junto ao PSL, e aí falo pelo Governo, para que não haja nenhum destaque, até para que nós possamos encorajar os outros partidos a também não apresentar nenhum destaque, para que aprovemos o relatório da forma como ele está. Estados e municípios dentro do relatório na comissão especial é um pouquinho mais complicado.

A gente ainda está tentando, há uma possibilidade, porém, ainda pequena, e isso depende muito dos governadores do Nordeste. Por que? Porque são de partidos de oposição e fizeram grande campanha contra a Nova Previdência, e isso fez com que deputados de outros partidos, que não são oposição, de centro, mais independentes, acabassem tirando o pé do acelerador em relação à reforma.

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O Governo tem os votos necessários para aprovação da reforma na comissão e no plenário da Câmara (por se tratar de uma PEC, são necessários, no mínimo, 308 votos)?

Nós temos os votos, sim, para aprovação, tanto no plenário como na comissão, a questão é para qual reforma. O Governo está tentando ter os votos para uma reforma mais ampla. Para esse texto que hoje está aí, o texto anteriormente apresentado, nós temos todos os votos. Queremos avançar um pouquinho mais, se não na comissão especial, no plenário, e é aí que a gente tem que costurar um pouquinho mais, porque tem pontos que são mais sensíveis. (...) A gente está tendo que equilibrar os pratos dos dois lados, pra tentar avançar o máximo possível no texto sem perder voto.

O presidente Jair Bolsonaro foi eleito com o discurso de que não faria toma-lá-dá-cá, mas o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou a liberação de emendas parlamentares para aqueles que votarem a favor da reforma. Além disso, alguns cargos federais foram disponibilizados para indicação política. O Governo mudou a tática?

Primeiro, que a gente tem que fazer uma separação. (...) O que é o toma-lá-dá-cá? É quando você faz alguma coisa em compra de voto. Isso o Governo jamais vai fazer. Não há possibilidade de haver qualquer troca por compra, por voto, nesse Governo, esse é um fato. Ponto dois: emenda não é para o bolso do parlamentar, quem falar que emenda é para o parlamentar é um desinformado ou um mal intencionado. A emenda é pra atender o município, o prefeito, é pra atender o governador, é pra atender o povo. (...) Isso nada tem ver com a reforma da Previdência. É um processo natural, democrático, que existe desde que os governos são governos e que vai continuar existindo, nunca por troca de votos, mas sim para atender ao povo.

Em relação aos cargos, o Governo sabe que é preciso que haja pessoas certas, no lugar certo, para fazer a coisa certa, e esse é o nosso único cuidado. A indicação política nunca foi problema. O problema é corrupção, e nós temos critérios técnicos, obedecemos critérios técnicos e, havendo disponibilidade desse cargo, não há problema nenhum nessa indicação.

Seis meses de Governo Bolsonaro: qual a sua avaliação? Tivemos trocas nos ministérios, recuos do presidente em alguns momentos, crises... Qual a avaliação que você faz? O Governo faz alguma autocrítica? Pretende corrigir alguma coisa daqui para frente? Para além da reforma da Previdência, quais são as outras prioridades?

Governo que não faz autocrítica tem um problema. Todo Governo faz autocrítica, ou deveria fazer. Acho que o único Governo que não fez autocrítica foi o do PT. Claro que o nosso Governo faz autocrítica, sabe que precisa avançar, e quer avançar e melhorar cada vez mais. As trocas fazem parte dessa autocrítica. Se há problemas, o Governo os corrige. (...) Nós temos um Governo novo, com uma filosofia completamente nova, e junto a isso, trabalhando com um Congresso também novo, com uma renovação de metade dos parlamentares na Câmara e de 80% no Senado. Então, é um momento novo no Brasil, e esse momento é de ajuste. O Governo está se saindo muito bem. Quando chegarmos ao final dos quatro anos, o Governo Bolsonaro, com certeza, a nota vai ser 10.

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