Policiais militares amotinados reduzem lista de reivindicações

Dos 18 pontos que haviam sido colocados como tópicos para serem negociados com o Governo do Estado, agora a categoria vai levar para a próxima reunião da comissão três temas para possível acerto com o Executivo

Escrito por Wagner Mendes ,
Legenda: Paralisação de grupos de policiais militares no Estado já passou dos dez dias
Foto: Foto: José Leomar

A categoria dos policiais militares amotinados no Ceará desidratou a lista de 18 pontos, antes colocados como exigências de negociação, e, agora, quer sentar à mesa para tratar da crise com a comissão, formada pelos três poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário), defendendo a discussão de três tópicos. Além da anistia, que continua sendo a prioridade dos policiais, a tropa pede reajuste entre as patentes e a regulamentação da carga horária.

Erinaldo Dantas, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), já havia pedido aos líderes do movimento, ontem, a eleição, por parte dos policiais, de uma pauta mais enxuta e objetiva.

“A OAB veio ao Batalhão conversar com os policiais e sensibilizarmos para encontrar alternativas para a solução dessa crise. Que eles possam indicar representantes que sejam diplomatas. Estamos buscando levar diplomatas para que se possa solucionar a questão e ter uma conversa franca com o Estado. O nosso objetivo é entender quais são os mais prioritários, os mais urgentes, de solução mais rápida e efetiva, para que a gente possa ter uma sinalização do Estado e permitir o mais breve possível o retorno das atividades”, declarou. 

Os pontos, confirmados pelo interlocutor do movimento — o coronel reformado do Exército, Walmir Medeiros —, foram definidos após um dia de impasse nas negociações. O expoente da divergência que acabou travando o avanço das tratativas durante todo o dia passou pelos personagens que integravam um grupo de representante dos amotinados na reunião da comissão.

Novos indicados

Em coletiva, na manhã de ontem, os membros do colegiado ressaltaram que não poderiam negociar com os nomes indicados pelos policiais militares amotinados porque, segundo eles, não havia legitimidade dos integrantes para negociar.

Outro ingrediente que atrapalhou o andamento das conversas, segundo o procurador-geral de Justiça do Estado, Manuel Pinheiro, foi o impedimento legal de alguns nomes para estar na linha de frente na tentativa de um acordo. As negociações, portanto, não poderiam ser feitas por policiais paralisados. “Não se pode sentar à mesa com uma pessoa que esteja nesta condição”, disse Pinheiro.

A declaração foi criticada pelo coronel Medeiros. Ele afirmou que “é um equívoco em negociação uma comissão do Governo querer estabelecer quem negocia do outro lado”. “Estão dizendo que o Sabino pode ser preso e não querem negociar”, continuou. 

O ex-deputado federal, no entanto, declarou não ter recebido nada oficial sobre mandado de prisão. Na noite de ontem, o deputado Evandro Leitão (PDT), que é o único representante do Legislativo na comissão, colocou o assunto como uma inconsistência que impedia a conclusão da crise. 

“É uma instabilidade muito grande. Toda hora e todo momento são interlocutores diferentes. Em um momento é uma pauta, em outro momento é outra pauta. A comissão tem sido muito franca, muito transparente. A questão se é liderança política ou não, para nós, é irrelevante. O que importa é que sejam pessoas credenciadas e legitimadas pela tropa para que se possa pacificar esse impasse”, declarou após reunião dos líderes na Assembleia Legislativa do Ceará.

Ainda de acordo com o coronel Medeiros, um grupo de representantes foi definido. Ocupando o posto de interlocutor, Walmir anunciou os nomes do vereador Sargento Reginauro (Sem Partido), do deputado estadual Soldado Noelio (Pros), do Cabo Monteiro e do deputado estadual da Bahia, Soldado Prisco (PSC), como negociadores e representantes da categoria na comissão. “São eles que vão sentar à mesa”, disse o coronel.

Ontem à noite se chegou a comentar a realização de uma nova reunião da comissão para apresentar os nomes e discutir a pauta dos policiais. O encontro, no entanto, ainda deverá ser realizado com local e data a ser definido.

Conversas

A Defensoria Publica do Estado do Ceará mediou, na tarde de ontem, o impasse entre a comissão e o movimento reivindicatório da Polícia, em reunião realizada na sede do 18° Batalhão da PM.

“Entendemos que precisamos avançar, primar pela pacificação social e nos ofertamos para tentar este diálogo, construindo pontes para que o movimento cesse e os policiais retornem às ruas para o bem da sociedade. Este é o objetivo de todas as instituições e todos os envolvidos”, disse a defensora geral Elizabeth Chagas. 

No encontro, segundo nota da Defensoria, “foi redigida uma nova proposta para um termo de acordo entre servidores da segurança pública e Estado, que será levado à próxima reunião da comissão pelos representantes do movimento”.

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