Petistas dissidentes denunciam a aliança

Escrito por Redação ,

Enquanto petistas defendiam candidatura própria ao Governo, alguns deputados do PT se refugiaram na AL

O grupo da ex-prefeita Luizianne Lins tentou, ontem, fortalecer a campanha em defesa do lançamento da candidatura própria do PT ao Governo do Estado. Apesar de não terem a maioria no partido, o evento realizado na Assembleia Legislativa serviu, segundo os petistas, para ajudar a reverter a vontade dos filiados da legenda que preferem apoiar o candidato indicado pelo governador Cid Gomes.

O evento teve a participação do deputado federal Eudes Xavier, do deputado estadual Antônio Carlos e dos vereadores de Fortaleza, Guilherme Sampaio, Ronivaldo Maia e Deodato Ramalho, além de militantes e algumas lideranças do partido no Interior. Os deputados Roberto Mesquita (PV), Fernanda Pessoa (PR) e Paulo Facó (PTdoB) também passaram rapidamente pelo evento.

A presença do senador José Pimentel estava prevista, mas ele não compareceu, alegando outros compromissos. Quatro deputados estaduais do PT, que são contra a tese da candidatura própria: Camilo Santana, Dedé Teixeira, Professor Pinheiro e Rachel Marques, também não compareceram. Eles estiveram na Assembleia, registraram suas presenças, mas se recolheram em outros locais.

Convencer

Os aliados à ex-prefeita, no entanto, acreditam que a ideia da candidatura própria ao Governo estadual tende a crescer. "Juntando todos que são a favor da candidatura própria, são cerca de 20% na correlação de forças do PED. Mas acredito que, com a mobilização que a gente está fazendo, a gente vai conseguir convencer a militância a votar na nossa tese", prevê o deputado Antônio Carlos.

Para o vereador Guilherme Sampaio, a maioria entenderá que o PT não pode transformar aliança tática em aliança permanente. "Essa manifestação neste momento e essa energia são uma resposta muito clara para quem diz que os militantes do PT não querem a candidatura própria ao Governo do Estado do Ceará. Nós não podemos transformar uma aliança tática em aliança permanente", disse.

A ex-prefeita Luizianne Lins defendeu que o PT não pode querer apoiar o candidato indicado pelo governador Cid Gomes sem ouvir a sociedade. Na avaliação dela, a população cearense quer a renovação no Governo do Estado. "Não adianta ninguém aqui querer meter goela abaixo qualquer decisão partidária e depois ser um fracasso na sociedade. O que o povo está querendo, por onde ando, é esperança. As pessoas estão querendo se reencantar-se e entender que é possível um Ceará diferente", ressaltou.

Luizianne também disse estar disponível caso o PT decida pela candidatura própria. A ex-prefeita revelou que essa não era sua prioridade, mas esclareceu que seria incoerente participar desse ato e não se dispor a encabeçar essa possível chapa. Logo na chegada dela ao auditório onde o evento era realizado, alguns militantes citavam o nome da ex-prefeita como governadora.

Durante o ato, Luizianne fez críticas à gestão de Cid Gomes e disse ter tido uma conversa com o senador Eunício Oliveira (PMDB). Ela informou que ele tinha se mostrado decepcionado com o comportamento do governador no debate da sucessão estadual cearense.

Eunício

"Tenho conversado com o senador Eunício Oliveira no sentido de saber se ele está realmente disposto a ser candidato. Porque, de fato, ele me confirmou que havia um acordo. Se ele apoiasse o Roberto Cláudio, como de fato apoiou, o Cid o apoiaria como governador. Ele (Eunício) me disse que agora o governador faz de conta que nada aconteceu. Na verdade, Eunício não vai aceitar que o PT não o apoie para apoiar o candidato dos Ferreiras Gomes", destacou Luizianne ao reforçar a tese de que, como o PT não poderá apoiar nem um e nem outro, deve lançar a candidatura própria.

Caso o PT não lance o candidato próprio, Luizianne Lins disse ainda ser cedo para definir como ela e seus aliados se comportarão durante as eleições. A ex-prefeita explicou que ainda espera uma conversa com o ex-presidente Lula para tomar uma decisão sobre o futuro.

Ainda durante o evento, a postura de alguns deputados estaduais que fazem parte da base aliada do governador Cid Gomes foi criticada pela ex-prefeita, que reclamou da falta de apoio. "O que dá raiva é que as lideranças do PT que eram para defender o partido ficam se fazendo de doido para melhor passar. Ivo Gomes, outro dia, chamou Lula de mala. Teve algum petista que apoia o Cid que disse alguma coisa? Fomos nós que precisamos defender", disse.

Luizianne culpa o Governo 

Luizianne Lins revelou ter ficado surpresa com a decisão da Justiça Eleitoral que a condenou a oito anos de inelegibilidade e defendeu que a sentença foi motivada pela possibilidade de ela ser a provável candidata do PT ao Governo do Estado.

Para a ex-prefeita, o grupo ligado a Cid Gomes tem medo que o PT lance uma candidatura própria por saber que qualquer nome a ser lançado pelo partido vencerá o indicado pelo governador e, na avaliação de Luizianne Lins, a decisão do juiz eleitoral Josias Menescal Lima de Oliveira foi resultado de um pressão dos que se opõem à intenção dos petistas que defendem o rompimento da aliança com o PROS para as eleições.

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"Eles tiveram que dar um rasteira com essa questão da inelegibilidade para confundir a cabeça do povo, porque eles estão com medo. E eles estão com medo porque sabem que, se o PT tiver candidatura própria, a gente vai ganhar. Está muito claro que isso aconteceu para que o nosso ato programado para hoje fosse pautado por isso. Não foi à toa. Eles viram que começou a crescer no coração do povo a vontade da candidatura do PT " destacou a ex-prefeita.

Luizianne Lins disse ter ficado surpresa ao alegar que ela não tinha a responsabilidade de contratar ou demitir terceirizados, lembrando que essa responsabilidade cabia à empresa que prestava serviço à Prefeitura. A ex-prefeita ainda citou o depoimento de uma testemunha de acusação que desconhecia as denúncias feitas. No trecho lido por ela, a testemunha garantiu nunca ter recebido nenhuma ameaça.

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"Quem demite ou contrata terceirizado é a empresa. Não passa por mim como prefeita. Nos cargos comissionados é quando a prefeita assina o ato. Nós estamos esperando reverte esse absurdo que estamos vendo aqui. Vamos recorrer imediatamente. Inclusive, estou com os processos em mãos", assegurou.

A ex-prefeita também lembrou o processo movido pelo PT contra o prefeito Roberto Cláudio, em que ele é acusado de ter comprado votos durante a campanha eleitoral de 2012. Luizianne afirmou que estava à espera dessa decisão judicial, mas acabou sendo surpreendida pela condenação dela.

"Nós temos dois processos que estão rolando na Justiça e eu estava, na verdade, era esperando pelo resultado deles. O primeiro era contra a expedição de diploma ao atual prefeito. O outro é um processo que pede a cassação de Roberto Cláudio com uma série de documentos, fotos, vídeos, onde as pessoas foram mandando e a gente usou como prova robusta de que aquela eleição foi roubada", apontou.

Luizianne defendeu que a divulgação da opinião do ex-presidente Lula nesse processo fortaleceu a tese da candidatura própria e deixou o grupo ligado ao governador Cid Gomes mais temeroso com essa possibilidade, disse, insinuando a influência do Governo na Justiça Eleitoral.

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