Paulo César Norões: salvador da Pátria é instituição antiga

Escrito por Paulo César Norões ,

Carnaval é o que é no Brasil pela oportunidade de o cidadão extravasar. São dias em que vale quase tudo, desde se jogar em romances voláteis, muitas vezes com parceiros(as) que nem sequer conhece, até se permitir o exagero no consumo de bebidas alcoólicas - o que, aliás, contribui bastante para o primeiro item. É como se o brasileiro se permitisse, durante quatro dias, viver uma outra vida, em que as angústias e os compromissos do dia a dia não têm vez.

Tradicionalmente, o Carnaval é também ambiente propício para protestos, geralmente bem-humorados e criativos. Critica-se desde os costumes até as injustiças sociais. Os mais criativos são os das escolas de samba.

A visibilidade dos desfiles no Sambódromo do Rio de Janeiro é prato cheio para a crítica embutida - às vezes até escancarada - em enredos bem elaborados que misturam histórias reais e fantasias, passado e presente, exibindo, ao vivo e em cores, na TV e na internet, os recados a que se propõem. Um bom exemplo, neste ano, foi a Paraíso do Tuiuti, que usou o nosso Bode Ioiô para explicitar que as práticas políticas atuais não são nada mais do que a própria história se repetindo.

Aprender a votar

O próprio carnavalesco da Tuiuti antecipou que faria uma analogia entre os tempos políticos do Bode Ioiô (início do século XX) e os tempos atuais. Em resumo, o povo, cansado das falácias dos políticos, protesta 'elegendo' o bode vereador. Uma espécie de salvador da pátria. O que, na prática, a nada conduz, como temos visto ao longo do tempo. Um dia, quem sabe, aprenderemos de vez que o melhor e mais eficaz protesto é que, tão importante quanto votar bem, é acompanhar e fiscalizar o eleito.

Foco na Assembleia

Presidente José Sarto (PDT) vai iniciar nova fase da sua gestão. Nomear dirigentes para os setores pensantes da Assembleia Legislativa que auxiliam os mandatos dos deputados. O Centro de Estudos e Universidade do Parlamento são fundamentais. Sarto está abrindo o caminho para agentes públicos, entidades de classe e movimentos sociais debaterem seus problemas. O presidente da Assembleia nega pré-candidatura à Prefeitura de Fortaleza.

Aracati bombou

Prefeito Bismarck Maia apostou alto no Carnaval de Aracati. Deu certo: hotéis lotados, moradores ganharam dinheiro alugando seus imóveis e comerciantes faturaram bem. O investimento em atrações nacionais do porte de Anitta gerou mais de R$ 10 milhões em impostos estaduais e municipais. E Aracati segue tendo o maior Carnaval do Ceará.

Também foi bem

No mesmo caminho, a prefeita Mônica Aguiar, de Camocim, fez um dos maiores carnavais. Sua cidade também lotou hotéis, casas foram alugadas, vendedores e prestadores de serviços encheram os bolsos.

Tem que aguentar

O ônus do poder é a vitrine. Laranjas foram a tônica de protestos no Carnaval em todo o País. Bolsonaro também foi alvo em Fortaleza. Apoiadores dele se indignaram, mas Sarney, Color, FHC, Lula, Dilma e Temer também sofreram.

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