Paulo César Norões: Respeito à democracia

Escrito por Redação ,

A boa notícia do pós primeiro turno foi a garantia dada pelos presidenciáveis de que vão governar dentro do que preceitua a Constituição de 1988, que acaba de completar 30 anos. A promessa de se manterem dentro dos limites constitucionais desautoriza declarações de membros influentes no entorno dos dois candidatos. General Hamilton Mourão, que é vice na chapa de Bolsonaro, chegou a defender uma constituinte feita por notáveis, sem a presença de membros escolhidos pelo voto popular, além de sugerir "um autogolpe", em caso de anarquia. Já José Dirceu, um dos caciques petistas, andou falando em "tomar o poder, o que é diferente de ganhar eleição". Declarações fortes que ameaçam o que temos de mais caro: a democracia. Felizmente, enfaticamente descartadas tanto por Bolsonaro como por Haddad. Que assim seja. O ideal é que tenhamos neste segundo turno uma discussão no campo dos projetos. Há questões que precisam ficar claras pelos dois candidatos para nortear a escolha dos eleitores, especialmente os indecisos. É consenso, por exemplo, a necessidade de reformas que vão impactar diretamente na vida das pessoas e na economia. Casos das reformas Fiscal e Tributária e da Previdência. O sistema político, por sua vez, está falido, virou balcão de negócios para enriquecer alguns caciques. São reformas urgentes e complexas, demandam habilidade do governante para negociar com o Congresso, sem o que não passa nada. E não dá para abrir mão do capital político advindo do processo eleitoral. É nos primeiros seis meses de governo que o presidente dispõe de força política plena para negociar com deputados e senadores, respaldado pelo voto da maioria do eleitorado. Expor os projetos agora, portanto, é essencial. Eleito, não haverá tempo a perder.

Pílulas

Números

5,2 milhões de eleitores participaram da eleição no Ceará, o que corresponde a 82,67% do eleitorado apto. Já abstenção ficou na casa de 1 milhão de eleitores, ou 17,33% dos eleitores aptos a votar no Estado.

Razoável

Expectativa era de uma abstenção até maior, diante do aparente desinteresse do eleitor, antes do início da campanha. Basta lembrar o alto número de abstenções nas eleições suplementares deste ano no Amazonas e Tocantins.

Sucessão

Passada a eleição, definido quem entra, quem fica e quem sai, já se fala em sucessão na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Zezinho Albuquerque (PDT) não esconde o desejo de emplacar um quarto mandato, inédito na Casa - como, aliás, era também o terceiro, que ele atualmente exerce. Credenciais políticas não lhe faltam, afinal é da cozinha dos Ferreira Gomes, além do argumento de ter sido preterido como vice-governador de Camilo. Mas, não será simples. Como também não foi a última eleição que, para ser resolvida, foi preciso a mão forte do governador e do hoje senador eleito Cid Gomes e desaguou numa crise política que culminou com a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios. Fatos que, por certo, determinarão uma maior precaução no momento de decidir a composição da nova Mesa. Além de Zezinho, nos corredores da Assembleia fala-se muito nos nomes de Sarto Nogueira e no atual vice-presidente, Tin Gomes, ambos do PDT. É esperar pra ver.

Câmara

Também no Legislativo de Fortaleza haverá sucessão na virada do ano. Com a saída dos dois nomes mais fortes, o atual presidente Salmito Filho (PDT) e o ex, Acrísio Sena (PT), eleitos deputados estaduais, a disputa nos bastidores já começou. Um dos nomes fortes, Elpídio Nogueira, pode ser preterido caso o irmão, o deputado Sarto Nogueira, seja o escolhido para comandar a Assembleia e Adail Júnior.

"Se estamos disputando a eleição, é porque acreditamos no voto popular e seremos escravos da Constituição"

Jair Bolsonaro
Presidenciável do PSL

"Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar"
Fernando Haddad
Presidenciável do PT

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