Paulo César Norões: o jeito Ferreira Gomes de ser

Escrito por Redação ,

Cid Gomes certamente não foi para o Marina disposto a causar o estardalhaço que causou. Mas foi, isto sim, para marcar posição. É dele, é do estilo dos Ferreira Gomes. Têm lá seus defeitos mas primam pela sinceridade, mesmo que por vezes causem desconforto. A fala de Cid chocou por soar como fogo amigo, posto que dita em evento petista e num momento em que a candidatura de Fernando Haddad busca ganhar consistência para tirar a diferença para o adversário. O erro de Cid talvez tenha sido o de esperar que os petistas aceitariam calados críticas ao partido e, principalmente, ao seu líder máximo. Nunca aceitaram, não seria agora, às vésperas do segundo turno, que iriam aceitar. E ante a reação da plateia, aflorou outra característica marcante dos FG, de não levar desaforo pra casa. Abriu-se, com isso, um fosso, numa relação que nunca foi totalmente de confiança. É saber se o tempo será capaz de cicatrizar essa ferida.

Reafirmou

Diante da repercussão do fato, Cid Gomes foi às redes sociais. Reafirmou as críticas, mas num tom mais sereno. Disse não ter raiva do PT e querer a vitória de Haddad, na visão dele melhor que Bolsonaro e "menos ruim para o País". Mas voltou a cobrar o mea-culpa do PT: "Tem de ter humildade. Não pode achar que o povo está errado e a gente está certo", disse o futuro senador.

Expressão nacional

Olhando para o futuro, há duas leituras políticas no desabafo de Cid Gomes. Na primeira delas, a mais óbvia, ele lança o nome do irmão Ciro à sucessão do presidente eleito no próximo dia 28, seja ele Bolsonaro ou Haddad. A outra é que ele mesmo, Cid, se coloca pela segunda vez no noticiário nacional como um político capaz de dizer enfaticamente, de público, o que muita gente tem vontade, mas não tem coragem de dizer. A primeira vez, todos lembram, foi quando peitou o então todo-poderoso presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Com o dedo em riste chamou-o, em plena tribuna da Câmara, de achacador. Esses dois episódios, somados, vão fazer com que se preste mais atenção na atuação dele, a partir de 2019, no Senado, tornando-o um político de expressão nacional.

Patentes

Na visita ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, saudou o comandante do batalhão, tenente-coronel Alex Benevenuto Santos, com uma brincadeira: "Estou prestando continência a um coronel, mas quem vai mandar no Brasil serão os capitães", disse. Quem deve ter gostado foi o Capitão Wagner (PROS), eleito deputado federal e, junto com o futuro colega Hélio Freire (PSL), coordenador da campanha 'bolsonarista' no Ceará.

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