Vereadores de Uruburetama julgam processo de cassação do prefeito acusado de abusar de pacientes

Para que o prefeito José Hilson seja cassado, são que necessários que 8, dos 12 vereadores da Casa, votem a favor da cassação. A sessão teve início às 9 horas.

Escrito por Redação ,
Legenda: José Hilson Paiva está preso acusado de abusar sexualmente de pacientes
Foto: Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Uruburetama realiza, nesta segunda-feira (9), sessão extra para votar a cassação do prefeito afastado José Hilson de Paiva. Para que o prefeito José Hilson seja cassado, são necessários que oito, dos 12 vereadores da Casa, votem a favor da cassação. A sessão teve início às 9 horas.

O prefeito, que também é médico, se encontra preso desde o dia 29 de julho deste ano, acusado de abusar sexualmente de pacientes e filmar os crimes. As denúncias feitas contra ele dão conta de que os atos eram cometidos desde a década de 1980, nos municípios de Uruburetama e Cruz, onde ele mantinha consultórios. 

No entendimento do vereador Diego Barroso, relator do processo de cassação do prefeito afastado José Hilson de Paiva, "se algum dos vereadores de Uruburetama votar contra a cassação do prefeito, esse vereador nunca mais conseguirá ser eleito aqui em Uruburetama. A cidade está envergonhada com os crimes praticados pelo Zé Hilson". 

Legenda: A prisão de José Hilson de Paiva foi decretada em julho pelo Poder Judiciário cearense
Foto: Diário do Nordeste

Denúncias desde 1986
Nascido no Ceará, o médico José Hilson se formou no Rio de Janeiro em 1976. Depois de obter o diploma, voltou para o estado onde começou a exercer a medicina, ingressando também na política. Entre 1989 e 1992, assumiu a Prefeitura de Uruburetama pela primeira vez, quando virou notícia no Brasil por fazer a primeira prestação de contas do município em praça pública. Em 2016, foi eleito prefeito novamente com 78% dos votos válidos.

As primeiras denúncias ocorreram em 1986. Em 1994, duas mulheres foram à polícia denunciar José Hilson de Paiva por assédio sexual durante as consultas. O caso foi arquivado,sem que o médico fosse denunciado pelos crimes. "Ele pediu pra eu ficar de lado, colocar a língua pra dentro e pra fora, com os olhos fechados", conta uma mulher que diz ter sido abusada pelo ginecologista em 1994 e não fez a denúncia na época. "Quando eu senti, eu estava colocando minha língua no pênis dele. Saí correndo, e ele foi pro banheiro, vestindo as calças."

Em 2018, o prefeito voltou ao noiciário mais uma vez quando um dos vídeos com as relações abusivas que ele mesmo gravou foi divulgado na imprensa. Com a repercussão do caso, cinco mulheres procuraram a polícia e denunciaram o médico por crimes sexuais. Ex-prefeita, Maria das Graças saiu em defesa do marido. Para ela, houve uma relação extraconjugal, mas não um estupro ou abuso. "Eu quero saber qual é o homem que não trai sua esposa. Eu não conheço no Brasil", afirmou na época. 

Além de as pacientes não terem conseguido o indiciamente, o prefeito entrou na Justiça contra quatro delas, alegando calúnia e difamação. Três delas desistiram da denúncia contra o médico para fugir do processo. A única que mantém as acusações disse ter sido abusada em 1994.

"Para o processo [de calúnia e difamação contra as pacientes] ser arquivado, as vítimas teriam que pedir desculpa pra ele. Quando chegou na minha hora, eu disse: 'Eu não vou pedir desculpa, você quem deve me pedir desculpa'."

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