STF forma maioria a favor do compartilhamento informações sigilosas entre órgão de inteligência e MP

Maioria dos ministros foi favorável a compartilhamento sem aval judicial entre Receita e MP de informações detalhadas de investigados, entre as quais declarações de IR e extratos bancários

Escrito por Folhapress ,
Legenda: O ministro Luiz Fux votou pelo compartilhamento total de dados da Receita e do Coaf com o Ministério Público
Foto: Reprodução

O STF retomou nesta quinta-feira (28) o julgamento sobre o uso de dados sigilosos em investigações sem autorização prévia da Justiça e formou maioria para liberar o compartilhamento de informações pela Receita com o Ministério Público, sem restrições.

A situação do antigo Coaf, rebatizado de UIF (Unidade de Inteligência Financeira), não é bem clara.

Somente o ministro Dias Toffoli fez ressalvas quanto ao procedimento de repasse de dados pela UIF.

Toffoli também votou por proibir a Receita de compartilhar extratos bancários e declarações de IR na íntegra.

Já os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia formaram a maioria de seis votos para permitir o compartilhamento amplo de dados da Receita, inclusive dos documentos na íntegra.

Esse grupo não fez ressalvas à atuação da UIF. Parte dele (Barroso, Rosa e Cármen) votou para que o tema da UIF nem sequer faça parte do julgamento, pois o processo original tratava apenas da Receita.

O tema da UIF entrou no processo em julho, quando a defesa do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, pediu ao STF para suspender uma investigação sobre ele no Rio de Janeiro.

A investigação havia partido de um relatório da UIF. Toffoli paralisou, na ocasião, todas as investigações e ações penais do país que haviam usado dados detalhados de órgãos de controle (Receita, UIF e Banco Central) sem autorização judicial prévia.

Ao final, os ministros deverão fixar uma tese que servirá de norte para a atuação dos órgãos de controle.

Se a UIF for incluída na tese e não houver ressalvas à sua atuação, como votou a maioria, a apuração sobre Flávio deverá estar liberada para prosseguir.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.