Sérgio Moro planeja reforçar o poder de investigação do Coaf

Futuro ministro comentou o relatório que listou “movimentações atípicas” feitas por ex-motorista de Flávio Bolsonaro

Escrito por Redação ,

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) virou, nos últimos dias, um dos órgãos mais citados nas redes sociais em postagens políticas por conta de um relatório que listou “movimentações atípicas” realizadas por um ex-motorista de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro. Fabrício José Carlos de Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e igual mês de 2017. 

Ao comentar o relatório do Coaf, o futuro ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, afirmou, nesta segunda-feira (10), que os fatos precisam ser “esclarecidos”. Segundo o documento, anexado às investigações da Operação Furna da Onça, Queiroz recebeu depósitos em espécie e por meio de transferências de oito funcionários que já foram ou estão lotados no gabinete do parlamentar.

Moro afirmou que como futuro ministro da Justiça seria “inapropriado” comentar casos concretos, mas ressaltou a necessidade de esclarecimentos sob o caso, enfatizando que Bolsonaro já se manifestou sobre o tema ao falar que o cheque depositado por Queiroz para a futura primeira-dama, Michelle, seria o pagamento de um empréstimo.

“Fui nomeado para ser ministro da Justiça. Não cabe a mim dar explicações sobre isso. Acho que o que existia de ministro da Justiça opinando sobre casos concretos é inapropriado. Então, esses fatos têm que ser esclarecidos. O presidente já apresentou alguns esclarecimentos, tem outras pessoas que precisam prestar seus esclarecimentos. E os fatos, se não forem esclarecidos, tem que ser apurados”, disse Moro. 

“O ministro da Justiça não é uma pessoa que deve ficar interferindo em casos concretos. E eu nem sou ainda ministro da Justiça. Até vi que tem pessoas cobrando uma posição, mas são as pessoas que têm que prestar esclarecimentos. O presidente já prestou os deles, ou, se não, os fatos que têm de ser apurados”, disse.

Moro reiterou que sua intenção ao trazer o Coaf da área econômica para a Pasta da Justiça é fortalecer o órgão e fazer com que ele trabalhe de forma integrada a outros órgãos de controle e investigação. Ele pretende reforçar o corpo funcional do Conselho.

“Embora ele esteja em boas mãos, ele sofreu uma certa desidratação, por falta até de recursos humanos, de pessoal. Na nossa perspectiva, ele vindo ao Ministério da Justiça, haverá a possibilidade de reforçar o corpo funcional, com o que se espera que haja maior eficiência. Além disso, há a intenção de deixá-lo trabalhando mais próximo dessas operações de investigações, para que possa prestar auxílio mais próximo”, afirmou Moro.

Inteligência

Alvo de críticas pela equipe do presidente eleito, o Coaf produziu cerca de 30 mil relatórios de inteligência nos últimos dez anos para embasar centenas de investigações da Polícia Federal contra políticos dos mais diversos partidos, dentre eles o ex-presidente Lula (PT) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).

Só em 2017 foram 6.608 relatórios, que analisaram movimentações financeiras de 249.107 pessoas. Os dados de 2018 ainda não foram fechados. Um dos mais sensíveis relatórios foi produzido em 2015 e atingiu em cheio o ex-presidente Lula e seus familiares, além dos também petistas Antonio Palocci (ex-ministro da Fazenda), Erenice Guerra (ex-ministra da Casa Civil) e Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais). As transações envolvendo os quatro representaram R$ 300 milhões.

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