Pros cobra abertura de processo disciplinar contra Osmar Baquit e Leonardo Araújo na Assembleia

Em março, Baquit e Araújo trocaram insultos na Mesa Diretora da Casa e precisaram ser contidos por colegas. Os dois negam quebra de decoro e Baquit diz que o Pros tenta tirar o foco do deputado André Fernandes, que responde a processo ético-disciplinar no Conselho de Ética

Escrito por Alessandra Castro e Letícia Lima ,
Legenda: Na confusão, Baquit chegou a chamar Araújo de "Moleque, comprador de voto, vagabundo" e insinuar que ele grita com mulher: "você grita com mulher, comigo não". Já Araújo acusou Baquit de "vender o TCM (antigo Tribunal de Contas dos Municípios)" e o chamou de "garganta de aluguel" e de "pipoca
Foto: Foto: José Leomar

O Pros protocolou, nesta segunda-feira (18), representação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa para apurar possível quebra de decoro parlamentar pelos deputados Osmar Baquit (PDT) e Leonardo Araújo (MDB) na Assembleia Legislativa. 

Presidido no Ceará pelo deputado federal Capitão Wagner, o partido cobra a abertura de processo disciplinar na Assembleia para apurar a conduta dos dois parlamentares estaduais no dia 10 de março, quando ambos trocaram insultos na Mesa Diretora, no plenário da Assembleia Legislativa, por divergências. 

O gesto é uma ofensiva de aliados de André Fernandes (PSL) contra o processo que ele enfrenta na Casa, após ter acusado, sem provas, o deputado Nezinho Farias (PDT) de envolvimento com facção criminosa. Questionado se apresentação da representação foi motivada para favorecer seu aliado do PSL, Wagner negou e disse que Araújo também é seu aliado, mas que o Pros vê indícios de quebra de decoro. 

Além disso, ele cobra que se investigue as acusações proferidas pelos dois parlamentares. "Entramos para que haja mesmo peso e mesma medida. Se dois parlamentares praticaram atos que foram de repercussão no Estado e outro também cometeu algo que repercutiu e abriu processo para um, que abra (processo disciplinar) para os três", defendeu. 

Procurados, os deputados Leonardo Araújo e Osmar Baquit negaram a quebra de decoro e disseram que vão se defender, caso o processo seja aberto pela Casa. 

"A meu ver, o Conselho de Ética não pode ser utilizado como forma de travestir o cerceamento à inviolabilidade da palavra e à imunidade parlamentar. Está tendo banalização por parte dos deputados com relação ao Conselho de Ética e irei fazer minha defesa no sentido de comprovar que agi de acordo com minha ética e moral, em resposta a uma injusta provocação por parte do deputado Osmar Baquit", reforçou Araújo. 

O emedebista acrescentou, ainda, que o Conselho precisa levar em consideração comportamentos anteriores ao episódio dos parlamentares dentro da Casa. "O Conselho precisa pesar a vida pregressa de cada um dos envolvidos, tanto minha como do Osmar. Nunca este deputado se envolveu em qualquer episódio que desabone sua conduta ante a esse fato". 

Já Baquit disse que a representação do Pros é uma tentativa de "tirar o foco do deputado André Fernandes, porque o Pros e o deputado André são próximos". 

"Eu tenho uma vida limpa. Essa ação é uma tentativa de misturar as coisas. Qualquer partido tem o direito regimental de fazer isso. Agora já pensou se eu pedisse para que alguém entrasse com uma representação contra ele (Capitão Wagner) em Brasília? Lamento o Pros ter entrado numa situação, que quem deveria, na minha visão, era o partido do Leonardo Araújo. Se o deputado Leonardo acha que eu o agredi, por que o partido dele não entrou (com a representação)?", indaga. 

O presidente da Casa Legislativa, deputado José Sarto (PDT), deve receber a representação e encaminhar ao Conselho de Ética, para que o colegiado decida se abre ou não um processo ético para apurar o caso.

Relembre o caso 

Na época, a confusão começou após Baquit elogiar o ex-vice-governador Domingos Filho e seu partido, o PSD, e dizer que Leonardo Araújo "fala mal" da mulher de Domingos, a deputada estadual Patrícia Aguiar (PSD) e quer ter "a força política" do grupo que comanda o PSD. Logo em seguida, Araújo rebateu as acusações e os ânimos se elevaram na Mesa Diretora, com um apontado o dedo contra o outro e trocando insultos. 

Na ocasião, Baquit chegou a chamar Araújo de "moleque, comprador de voto, vagabundo" e insinuar que ele grita com mulher: "você grita com mulher, comigo não". Já Araújo acusou Baquit de "vender o TCM (antigo Tribunal de Contas dos Municípios)" e o chamou de "garganta de aluguel" e de "pipoca", em referência a uma quadrilha de criminosos que atuava no Sertão Central. 

No mesmo dia, o presidente da Assembleia, deputado José Sarto (PDT), entrou em campo para repreender as condutas de Araújo e Baquit. Ao concordarem, os dois se retrataram na sala da Presidência. Sarto reafirmou apelo para que, com a proximidade das eleições, debates não sejam levados para trocas de ofensas pessoais.

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