Presidente do Novo fala sobre planos da sigla antes de visita ao Ceará

Em entrevista ao Diário do Nordeste, João Amoêdo comentou ainda o modelo de gestão que a legenda busca implementar em Minas

Escrito por Inácio Aguiar ,

Da teoria à prática por imposição das urnas. O Partido Novo inicia em 2019 um momento diferente após eleger oito deputados federais e ter um enorme desafio pela frente: a gestão do Estado de Minas Gerais, que passa por grave crise. Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, em Brasília, o presidente nacional da legenda, João Amoêdo, detalha a fórmula que a sigla pretende usar na gestão pública, projeta crescimento do partido em estados como o Ceará e avalia o resultado obtido nas urnas. Amoêdo estará em Fortaleza no próximo dia 21 para empossar dirigentes da agremiação, comandada no Estado por Geraldo Luciano.

Após o resultado das urnas, quais são os desafios do partido?

Tivemos um resultado eleitoral bastante razoável. Temos alguns desafios. O primeiro é a gestão de Minas Gerais, um dos maiores estados do Brasil. Tenho ajudado na primeira etapa que é a montagem da equipe, em um Estado muito deteriorado por toda a situação deixada pelo PT. Teremos muito trabalho pela frente. O segundo é acompanhar os mandatários do Novo. Oito deputados federais, 11 deputados estaduais, uma deputada distrital. Vamos colocar em prática o que nós pregamos: redução do Estado, melhoria no ambiente de negócios e tornar o Brasil um País em que as pessoas cresçam. E o terceiro é estruturar o partido para 2020. Queremos crescer de forma sustentável, sem fazer atalhos. Isso é uma pressão com a qual precisamos saber lidar, porque na política as ações de curto prazo acabam tirando você dos princípios e valores estabelecidos. 

Quais são as ideias do Novo para recuperar o Estado de Minas Gerais? 

Lá não é muito diferente do plano federal. A Previdência dos servidores tem um impacto grande, necessitará de uma reforma. Tem um atraso de salários e de pagamento de fornecedores. Temos que organizar a casa para ajustar isso. E também apostar em um plano de privatizações para que o Estado saia da linha de gestão de empresas. Isso vai ajudar e fazer caixa para colocar as contas em dia e, principalmente, dar foco nas áreas que são realmente importantes para a população que são Educação, Saúde e Segurança. 

Para essas mudanças em Minas Gerais será necessário um forte apoio parlamentar. Como está organizada a base da Assembleia?

Nós resolvemos adotar o critério de pegar alguém já do meio político para que o diálogo fosse mais fácil. Mas em nenhum momento isso quer dizer que nós vamos nos distanciar ou desvirtuar os princípios do Novo. Vamos apostar firmemente naquilo que a gente defende, das nossas bandeiras. Fazer um mandato realmente diferente. 

Como está a programação do partido nos Estados? 

A ideia neste primeiro semestre é a gente falar com todos os diretórios já pensando na eleição de 2020. Vamos estruturá-los, aumentar a quantidade de filiados, começar e planejar esses processos seletivos para que o partido possa chegar forte e democrático para 2020. A ideia é fortalecer tendo em vista que o Novo agora vai poder participar de debates, terá mais tempo de televisão, mais exposição. E, claro, isso traz mais oportunidades e mais riscos.

O Novo chega ao Congresso Nacional para ser base ou oposição ao Governo?

O Novo quer defender uma postura programática. Vamos defender as bandeiras do partido que são livre mercado, mais concorrência, liberdade para o cidadão, responsabilidade fiscal, equilíbrio das contas, ambiente propício ao empreendedorismo e redução da carga tributária. Se o Governo for nessa linha, terá nosso apoio. Se desvirtuar disso, a gente vai fazer oposição forte, pensando no País. 

Como o Novo avalia a política econômica do atual Governo? 

Está muito na linha do que a gente acredita. Pode ter uma ou outra coisa que possa questionar. Precisamos priorizar a reforma da Previdência, onde tem um grande rombo, simplificar a carga tributária, abrir mais a economia, dar tratamento isonômico a todos que estão na Previdência, quer dizer, acabar com privilégios de alguns. Tudo isso vai ao encontro do que defendemos na campanha eleitoral. 

Há áreas importantes que o senhor não tocou como prioridade. Qual será a posição do Novo em relação ao meio ambiente?

Temos que olhar com muito cuidado porque, às vezes, o processo burocrático acaba atrapalhando. Não podemos confundir prazos mais rápidos com perda de qualidade ambiental. Temos que manter a qualidade de preservação. Nós tivemos, agora, esse caso de Brumadinho, muito lamentável. Mas, assim, os processos podem ser mais céleres. E isso trará melhorias para o consumidor e para a sociedade brasileira. 

O Novo lançou um candidato a presidente da Câmara de forma individual, portanto, com poucas chances de vitória. Qual objetivo? 

Lançamos o Marcel van Hattem (Novo/RS) dentro da ideia de que o Novo vai ser não só um partido independente, mas que tenha vida própria, que não vai apenas se coligar com outros. É para ser protagonista do processo. Ele teve apoios individuais de alguns parlamentares e isso é uma característica da nossa política partidária: não há uma fidelidade tão grande dentro dos partidos. Os trabalhos foram feitos junto aos parlamentares diretamente. 

No Ceará, como o partido está organizado? 

O Geraldo (Luciano) acabou de assumir o diretório estadual. Estaremos no Ceará no dia 21, fazendo uns eventos. Vamos começar a estruturar o partido pensando em 2020, mas também expandir as ideias do Novo e a quantidade de pessoas que conhecem o partido. Esse é o nosso desafio: a aceitação das ideias é muito boa. 

Geraldo já foi cogitado algumas vezes para ser candidato, mas nunca se confirmou. Será que agora vai? 

Vai depender dele. É um ótimo nome, sujeito competente, vem da iniciativa privada. Agora, no Novo, tem a questão de proteger o partido que é separar a gestão pública da gestão partidária. Quem está na direção dos diretórios não pode ser candidato. Se por acaso ele vier a ser candidato, tem que sair do cargo com alguma antecedência. 

Você acredita que o cenário brasileiro está realmente propício para essas mudanças na política? 

Sim. Principalmente porque a grande mudança nas últimas eleições é que o brasileiro está muito mais envolvido com a política. Está demandando participar mais, e isso, para propostas que tenham transparência e coerência, como nós acreditamos que sejam as nossas, é o melhor ambiente possível. 

Filiados no Ceará
De acordo com dados disponíveis no site do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), referentes a dezembro de 2018, o Novo tem 451 filiados no Estado. 

Participação masculina
A maioria é do sexo masculino e tem entre 25 e 34 anos – são 130 (28,8% do total).

Participação feminina
Mulheres filiadas ao partido no Ceará são 69. A maior parcela tem entre 45 e 59 anos – são 19 (4,2% do total).

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