Presidente da Câmara de Maracanaú é preso suspeito de contratar servidores fantasmas

O vereador Carlos Alberto Gomes de Matos Morta se apresentou voluntariamente à Justiça nesta quarta, após não ser localizado durante operações do MPCE e da Polícia Civil que investigam lavagem de dinheiro e corrupção no município. Ele e outras três pessoas eram alvos das operações

Escrito por Alessandra Castro e Verônica Prado ,
Legenda: A operação Fantasma investiga esquema de "rachadinhas", em que servidores fantasmas eram contratados para a Câmara Municipal de Maracanaú
Foto: Foto: Ricardo Mota/TV Diário

O presidente da Câmara Municipal de Maracanaú, vereador Carlos Alberto Gomes de Matos Mota (DEM), foi preso, na última quarta-feira (11), suspeito de contratar servidores fantasmas para desviar recursos da remuneração de funcionários da Casa Legislativa, em esquema conhecido como "rachadinha".  

Carlos Alberto e outras três pessoas foram alvos das operações Fantasma e Sued, deflagradas pela Polícia Civil e Ministério Público do Ceará (MPCE) na terça-feira (10), que investigam lavagem de dinheiro e corrupção no município. No entanto, os agentes não localizaram o presidente da Câmara Municipal de Maracanaú no momento das operações. Na ocasião, 21 mandados de busca e apreensão foram cumpridos e três suspeitos capturados.

Nesta quarta, o vereador se apresentou espontaneamente à Justiça e foi capturado. Contra ele, havia um mandado de prisão temporária em aberto, pelas suspeitas de desvios de dinheiro público. No mesmo dia, Carlos Alberto passou por audiência de custódia e teve a prisão temporária convertida em preventiva, sem prazo para terminar. Ele cumpre a medida na Delegacia de Capturas (Decap), em Fortaleza.

A operação Fantasma investiga esquema de "rachadinhas", em que servidores fantasmas eram contratados para a Câmara Municipal de Maracanaú. No esquema, os funcionários tinham que devolver parte dos salários ao vereador que o contratou. Já a Operação Sued visou acabar com esquema de lavagem de dinheiro e seus crimes antecedentes, com suposto envolvimento de uma empresa com sede em Maracanaú.​

Defesa

O advogado José Raimundo Menezes de Andrade, que representa a defesa do vereador, disse que ainda não teve acesso ao processo e que Carlos Alberto não foi acusado de nenhum crime, o caso ainda está em fase de investigação - que ocorre em segredo de Justiça.

"Ainda não tive acesso ao processo e só sei o que o meu cliente falou, que estavam sendo atribuídos a ele diversos crimes, como transferências e depósitos irregulares e a prática de 'rachadinha'. Já pedi que o juiz autorize o meu acesso aos autos e às ligações telefônicas interceptadas, que dizem constar do processo", afirmou José Raimundo Menezes. 

O advogado acrescentou, ainda, que irá entrar com um pedido de habeas corpus à favor do vereador por ele não apresentar riscos à investigação, já que tem bons antecedentes e residência fixa.

Repercussão na Câmara

Na Câmara Municipal de Maracanaú, os vereadores ainda não sabem como vão proceder e esperam que o os crimes sejam esclarecidos. De acordo com a vereadora Silvana Maciel (PHS), a cidade está em clima de tensão. "É preciso que as coisas sejam esclarecidas e que os responsáveis pelos crimes - se for comprovado que eles ocorreram - paguem na medida de sua responsabilidade", ressaltou.

Ainda conforme a parlamentar, a prisão do presidente da Câmara foi comunicada por um oficial de Justiça, no fim da sessão plenária desta quarta (11). Silvana esclareceu, também, que o documento foi enviado para a Procuradoria da Casa, que irá orientá-los como proceder. 

"A Procuradoria, seguindo o que diz o Regimento da Casa, vai nos orientar se o vice-presidente - o vereador Denir Peixoto (DEM) -  assume imediatamente a vaga ou se será necessário realizar uma nova eleição para a mesa diretora. Ainda não sabemos quais serão os próximos passos", finalizou.

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