'Povo choraria por bomba no Congresso?', pergunta Eduardo Bolsonaro

O filho do presidente da República reagiu a reportagem da jornalista Vera Magalhães em que ela mostra que Jair Bolsonaro compartilhou vídeos de convocação à manifestação contra o Parlamento brasileiro

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: O questionamento feito por Eduardo foi lançado á jornalista Vera Magalhães em reação à reportagem
Foto: Agência Brasil

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) questionou, nesta quarta-feira, 26, se alguém "choraria" se caísse uma bomba de hidrogênio no Congresso. O comentário foi feito no Twitter, em resposta a uma publicação da jornalista Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de S. Paulo e editora do site BR Político.

Na segunda, 24, a jornalista revelou o vídeo disparado pelo presidente Jair Bolsonaro em um grupo de WhatsApp com convocação para as manifestações contra o Parlamento, marcadas para o dia 15 março. O compartilhamento do vídeo pelo presidente provocou reação imediata na classe política.

Pela rede social, Vera compartilhou um vídeo de 2018, no qual o então deputado Jair Bolsonaro afirma que, "se caísse uma bomba H no Parlamento, pode ter certeza, haveria festa no Brasil". O filho "03" do presidente respondeu: "Esse é o abismo que separa não o presidente de você, Vera. Mas, sim, a bolha em que você vive da percepção da população em geral. Se houvesse uma bomba H no Congresso, você realmente acha que o povo choraria? Ou você só faz isso para tentar criar atrito entre o presidente e o Congresso?", escreveu o parlamentar.

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A jornalista afirmou então que, se isso acontecesse, seria "um ato terrorista". "E, se o povo não se preocupar com isso, a democracia acabará. A mesma que o seu pai jurou respeitar", escreveu ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Reação

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (oab), Felipe Santa Cruz, o compartilhamento de convocação para manifestações contra o Congresso por Bolsonaro é "inadmissível". Ele ainda informou que a atitude do chefe do Exevutivo nacional pode se enquadrar no artigo 85 da Constituição, que diz que "são crimes de responsabilidade os atos do presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: [...] o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação". Com isso, o ato de Bolsonaro pode render-lhe impeachment, se confirmado.

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A classe política também se manifestou. Além de repudiar a atitude do presidente da República, o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que convocará uma reunião de emergência com o chefe da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para discutir o teor das mensagens enviadas por Bolsonaro. 

Além dele, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), falou em "impedir a escalada golpista" que estaria sendo promovida pelo chefe do Executivo. 

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