Para constranger Bolsonaro, PSL deve destituir ministro do Turismo de diretório de Minas

O esquema de candidaturas laranjas do PSL deu início a atual crise na legenda e tem sido um dos elementos de desgaste entre o grupo de Bivar e o de Bolsonaro, que ameaça deixar o partido

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio
Foto: Agência Brasil

O deputado Delegado Waldir (PSL-GO) afirmou nesta terça-feira (22) que o partido vai destituir o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) da presidência do diretório de Minas Gerais. A medida, contudo, terá pouco efeito prático, já que Álvaro Antônio está licenciado do comando do PSL mineiro. 

A decisão é uma forma de o partido constranger o presidente Jair Bolsonaro, que manteve o ministro no cargo mesmo depois de ele ter sido indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público sob suspeita de comandar um esquema de candidaturas laranjas pelo PSL, caso revelado pela Folha de S.Paulo.

O esquema de candidaturas laranjas do PSL deu início a atual crise na legenda e tem sido um dos elementos de desgaste entre o grupo de Bivar e o de Bolsonaro, que ameaça deixar o partido.  

"Eu acho que está no momento também de fazer a substituição do ministro do Turismo, que é investigado. É o momento do afastamento, de assumir outra pessoa", afirmou o deputado.

A declaração foi feita por Waldir na chegada de reunião da Executiva do PSL, em Brasília. Rachado, o partido deve discutir a suspensão de 19 integrantes da legenda que são aliados do presidente Jair Bolsonaro. 

O encontro será comandado pelo presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE), a quem Bolsonaro se referiu recentemente como alguém "queimado para caramba".  Segundo o deputado goiano, alguns parlamentares já foram notificados pelo conselho. Entre eles, o deputado Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara, que usou sua conta nas redes sociais para dizer que não havia motivo para notificação.  

Além de Álvaro Antônio, o partido deve trocar outros diretórios, como Rio de Janeiro e São Paulo, antes comandados por dois filhos do presidente, respectivamente: o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro  (SP). O encontro deve entrar ainda no debate sobre a disputa pela liderança do PSL na Câmara, que vive uma guerra de listas desde a semana passada. 

Na segunda-feira (21), Waldir abriu mão do posto, alegando que o governo havia firmado um acordo para pôr fim ao impasse que separa bivaristas de bolsonaristas. Ainda pela manhã, o deputado Major Vitor Hugo protocolou uma lista com 28 assinaturas válidas para escolha do deputado Eduardo Bolsonaro (SP) para a liderança da legenda e seu nome foi confirmado pela Secretaria-Geral da Mesa.

O movimento gerou revolta de aliados de Bivar, que acusaram o governo de descumprir um acordo pela pacificação da legenda. O deputado Júnior Bozzella (SP) disse que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, havia concordado em buscar uma terceira via para a liderança do PSL, numa solução em que não passaria nem por Waldir e nem por Eduardo. 

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Já o ministro nega que tenha firmado acordo e diz que tratou sobre a pacificação de forma preliminar. "O diálogo com o ministro Ramos era de que nos iríamos fazer uma terceira via. Não tinha um nome, seria escolhido um nome de uma terceira via, que não seria do grupo do Eduardo, seria do nosso grupo. Não tinha nome, ok? Seria escolhido ainda, seria um terceiro nome. Eu só estava abrindo mão para conclusão desse diálogo, que foi acordado com o ministro Ramos. Ai o Vitor Hugo foi lá e atropelou", disse. 

Waldir disse que Eduardo, embora tenha assumido a liderança, é um perdedor por ter se valido do Poder Executivo para conquistar o posto. "Na verdade, eu não acho que ele foi um vencedor, eu acho que ele foi um perdedor. Quando você utiliza o Palácio do Planalto, quando você utiliza o presidente da República, quando você utiliza ministérios, quando você pressiona deputados, inclusive oferecendo viagens ao exterior ou dentro do país, isso, na verdade, não é vitória", afirmou. 

O deputado criticou ainda a atuação de Ramos e disse que ele, responsável pela articulação política do governo, está enfraquecido. "Ele enfraqueceu, [está] sem poder, sem poder de decisão, fala uma coisa, faz outra.  Não tem poder de decisão. Ninguém é mais forte nesse governo que os filhos do presidente. O presidente é, na verdade, um marionete. Os filhos que estão governando", disse. 

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