'Não saiu no Diário Oficial', diz delegado da Receita sobre possível exoneração

Auditores que ocupam posições de chefia da Receita ameaçam entregar os cargos caso sejam efetivadas indicações políticas na superintendência do Rio

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: A provável exoneração de Oliveira abriu uma crise na Receita e pode provocar também a saída do superintendente do órgão no Rio, Mário Dehon
Foto: Reprodução

O delegado da alfândega do Porto de Itaguaí (RJ), José Alex Nóbrega de Oliveira, deixou a superintendência da Receita Federal no Rio após uma reunião com o superintendente do órgão no Estado, Mário Dehon, mas se recusou a comentar sobre sua permanência no cargo. Oliveira disse ao Estadão/Broadcast apenas que "não saiu nada no Diário Oficial da União".

O delegado, cujo cargo está ameaçado, não falou sobre a reunião ou sobre a possível interferência política e pressão para sua saída. Ele deve voltar à superintendência ainda hoje (19) mas não adiantou a pauta a ser tratada.

Na semana passada ele enviou uma mensagem a colegas do órgão em um grupo de WhatsApp relatando que "forças externas que não coadunam com os objetivos de fiscalização" da Receita Federal. A autenticidade e autoria da carta foram confirmadas pelo Estado.

No sábado, o  jornal Estadão mostrou que os auditores fiscais de alto escalão ameaçam entregar seus cargos caso sejam efetivadas indicações políticas na superintendência do Rio de Janeiro e em outros postos chaves do órgão. O órgão se encontra em crise, pressionado pelo Executivo, Legislativo e Judiciário para mudanças em sua estrutura e na forma de atuação.

Nos bastidores da Receita, há relatos de que o secretário especial da Receita, Marcos Cintra, teria solicitado a Dehon a mudança de Oliveira e da delegada chefe da Delegacia da Receita Federal no Rio de Janeiro II, na Barra da Tijuca.

A Delegacia da Alfândega da Receita Federal no Porto de Itaguaí é estratégica no combate a ilícitos praticados por milícias e pelo narcotráfico em operações no porto, que incluem contrabando pirataria e subvaloração de produtos. No contato com delegados do grupo, Oliveira relata dificuldades de localização do porto e escassez de funcionários para processar mercadorias de 856 contêineres bloqueados "por todo o tipo de irregularidade" na região, que movimenta produtos vindos da China e exportações para a Europa.

Na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre a intenção de substituição na Receita Federal no Rio e declarou que poderia trocar postos em que pessoas se julgavam "donos do pedaço".

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