Na Câmara, titular do MEC nega ‘cortes’ em dia de manifestações; RJ registra tumulto

Abraham Weintraub disse que o orçamento da Pasta pode ser reforçado por eventuais montantes repatriados de desvios na Petrobras

Escrito por Redação ,
Legenda: No Rio de Janeiro, as manifestações entraram pela noite e registraram tumulto
Foto: AFP

Pressionado por manifestações de rua realizadas em diversas cidades do País, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou, nesta quarta-feira, a existência de “cortes” em recursos das universidades, disse que o foco do Governo Bolsonaro está nas creches e no ensino básico e entrou em embates com parlamentares da oposição. Ele foi convocado a falar no Plenário da Câmara dos Deputados para a explicar os contingenciamentos orçamentários nas universidades.  A sessão coincidiu com protestos, ocorridos em todos os estados e no Distrito Federal, contrários à diminuição de verbas na educação. 

O ministro explicou que o MEC está cumprindo determinações orçamentárias ao contingenciar os recursos. Disse ainda que o orçamento da Pasta pode ser reforçado por eventuais montantes repatriados de desvios na Petrobras.

“Estamos cumprindo a lei. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que esteve aqui várias vezes, já explicou que somos obrigados pela Lei de Responsabilidade Fiscal a contingenciar toda vez que a receita não corresponde ao que foi orçado, no ano anterior, pelo Congresso Nacional”.

Autor do requerimento de convocação, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o ministro se focou em outros aspectos da Pasta e não explicou a medida. “Ele precisa fundamentar, justificar os cortes realizados”, criticou.

No dia 30 de abril, Weintraub anunciou que a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) teriam os repasses bloqueados em 30% por promoverem “balbúrdia”. O bloqueio foi estendido às universidades e institutos federais. A oposição reagiu obstruindo as votações.

Oposição

Durante a comissão geral desta quarta, Weintraub entrou em embates diversas vezes, especialmente com parlamentares de oposição. Disse que “não é responsável pelo desastre na educação básica brasileira”.

Também provocou um momento de tensão ao ironizar os deputados. “Eu fui bancário, tive carteira assinada, ouviram? A azulzinha. Não sei se conhecem”. E emendou ao criticar a demissão de uma colega de um banco, que, segundo ele, ocorreu a pedido do ex-presidente Lula na campanha de 2014. A analista teria perdido o emprego após a elaboração de relatório negativo sobre a reeleição de Dilma.

Os comentários do ministro foram seguidos por gritos de “demissão” por parte da oposição e apelos do presidente da sessão, Marcos Pereira (PRB-SP), para que o ministro se mantivesse no tema e fosse mais respeitoso. “Também tive carteira assinada”, disse. O ministro também foi provocado pela oposição. A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que a apresentação dele em Plenário foi “cínica”.

Cearenses

Parlamentares cearenses se manifestaram no plenário. Para André Figueiredo (PDT), “este corte orçamentário é altamente ideológico” e leva “às instituições federais de ensino um clima de revanchismo”. Já Célio Studart (PV) criticou as respostas “evasivas”. “Saiba que contingenciar, cortar, ou o que quiser chamar, não é algo que corresponda ao que vocês prometeram”.

Idilvan Alencar (PDT) fez um convite inusitado ao ministro. “O senhor tem que voltar para o Ceará, dançar forró, tomar banho no rio Acaraú, arejar as suas ideias, ministro. Nós estamos dispostos a lhe ajudar. Honre seu sangue cearense”, disse, em alusão às origens do ministro.

Por sua vez, Heitor Freire (PSL) saiu em defesa do ministro. “O ministro da Educação deu um show, sempre com a verdade, coerente”.

Público

O G1 contabilizou manifestações em pelo menos 222 cidades. A mídia estrangeira destacou que foram os primeiros atos públicos de grandes proporções em 134 dias de Governo

Legenda: Os protestos da UNE no Rio de Janeiro terminaram com incêndio de ônibus e tumulto
Foto: AFP

Violência no RJ
Após o fim da manifestação contra o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Centro do Rio de Janeiro, um grupo de pessoas mascaradas entrou em confronto com a Polícia Militar. Os policiais reagiram com bombas de gás e houve correria ao redor da Praça da República e ao longo da Avenida Presidente Vargas.

Crítica de Mourão
O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, avaliou que houve “exploração política” das manifestações. Para ele, o contingenciamento é feito todos os anos, e as milhares de pessoas que foram às ruas aproveitaram para protestar contra o Governo.

UNE e CUT marcam greve
A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou para o dia 30 uma continuação da paralisação nacional em defesa da Educação, realizada ontem . Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) marcou a greve geral prevista para o dia 14 de junho. Alguns sindicalistas veem as manifestações de ontem como um teste para a greve contra a reforma da Previdência.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.