Governistas articulam aliado de Bolsonaro para relatar indicação de Eduardo

Chico Rodrigues (DEM) defende abertamente a nomeação de Eduardo para a embaixada em Washington e diz que ele tem as credenciais para o posto

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Os articuladores da indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, consideram que a tramitação no Senado não será fácil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Governistas no Senado articulam a indicação de um dos mais fiéis aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Casa para relatar a designação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a Embaixada do Brasil em Washington. Segundo parlamentares que acompanham o tema, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) é o favorito para ser escolhido relator da indicação. 

O nome de Rodrigues já foi discutido no círculo mais próximo de Eduardo e com o presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), responsável por formalizar a escolha do relator. 

Trad afirma que ainda não selecionou o relator e que ele só será anunciado após a oficialização da indicação de Eduardo pelo presidente da República. A expectativa é que isso ocorra na próxima semana. 

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Vice-líder do governo, Chico Rodrigues é um dos parlamentares mais alinhados a Bolsonaro no Senado. Ele integrou a comitiva presidencial na visita a Israel e emprega em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, primo dos filhos do mandatário, com salário de R$ 22,9 mil. 

O senador do DEM defende abertamente a nomeação de Eduardo para a embaixada em Washington e diz que ele tem as credenciais para o posto. Chico Rodrigues e Nelsinho Trad tiveram uma rápida reunião no início da tarde desta quinta-feira (8), após o término da sessão da Comissão de Relações Exteriores. Na quarta-feira (7), Trad conversou a portas fechadas com o próprio Eduardo Bolsonaro. 

Tramitação

Os articuladores da indicação do filho do presidente consideram que a tramitação no Senado não será fácil: tradicionalmente os senadores não criam obstáculos em votações dos chefes de missão diplomática, mas isso não deve se repetir no caso de Eduardo.

Vários integrantes da comissão já se declararam contrários à nomeação do deputado e até mesmo governistas consideram que, no colegiado, o placar hoje está apertado. 
Para tentar reduzir a resistência na comissão, governistas também patrocinaram nesta semana a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para uma vaga do colegiado que estava em aberto.

A expectativa do Planalto é que Nogueira seja favorável à indicação de Eduardo. A Folha de S.Paulo procurou Nogueira nesta quinta (8), mas não obteve resposta. Eduardo pode enfrentar um obstáculo adicional na comissão.

Há uma última vaga em aberto, que ainda não foi ocupada porque havia uma indefinição sobre a qual bloco partidário ela pertence. No entanto, a Secretaria-Geral da Mesa informou que, de acordo com as regras de proporcionalidade da Casa, o assento pertence ao bloco do PT e do PROS, contrários à indicação. 

Mesmo que Eduardo seja derrotado na comissão, a votação final ocorrerá no plenário do Senado, o que aumenta a influência do presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), no desfecho do processo.

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